1 de mai. de 2010

O FALSO E O VERDADEIRO - OSHO

Buda diz:

"Tomando erradamente o falso como sendo verdadeiro
e o verdadeiro como sendo falso,
você faz vista grossa para o coração
e se enche de desejos."

A mente é desejo e vocês continuam se enchendo de mais e mais desejos, mais e mais ambições, buscando poder, prestígio e riqueza. E se esqueceram completamente que existe um coração batendo dentro, o qual já vive em Deus, o qual já é parte da lei maior – ais dhammo sanantano – aquilo que já é parte da inesgotável e eterna lei. Vocês já estão ligados a Deus a partir de seus corações. Seus corações são raízes no solo de Deus.

Seus corações ainda são alimentados por Deus, pela verdade.
Mas vocês não estão ali.
Vocês deixaram o local vazio.
Vocês vivem na cabeça.
Vocês passam todos os dias em suas cabeças; nunca descem de lá.
Mesmo durante a noite, enquanto dormem, vocês continuam com o barulho na cabeça... Sonhos, sonhos e mais sonhos.
Durante o dia, pensamentos, e durante a noite, sonhos.
Eles não são diferentes.

O sonho é apenas a tradução do pensamento para a linguagem do sono, e vice-versa: pensar nada mais é que a tradução do sonho para a linguagem do dia.
Você continua se movendo entre estas duas coisas: sonhar e pensar.
Ambos são desejos.
O que você pensa a não ser desejos?
O que você sonha a não ser desejos?

Buda diz que o falso parece ser verdadeiro porque você se tornou falso para a sua própria verdade, para o seu próprio coração.
Volte para o seu coração e então você será capaz de reconhecer a verdade como verdade e o falso como falso.
Isto é iluminação, isto é voltar para casa.

Veja o falso como falso.

Mas, por onde começar?
Comece por ver o falso como falso.
É por isto que todos os Budas parecem ser negativos, todos os Budas parecem ser destrutivos. Eles negam.
Jesus nega.
Ele diz repetidas vezes: ‘No passado lhes foi dito isto, mas eu digo a vocês...’
E ele muda todo o ponto de vista.

Por exemplo, ele diz: ‘No passado foi dito que a lei era: pague com a mesma moeda. Se alguém lhe atirar um tijolo, reaja atirando-lhe uma pedra. Mas eu lhes digo, se alguém bater-lhe em uma face, ofereça a outra também. E se alguém levar-lhe o casaco, dê-lhe a camisa também. E se alguém forçá-lo a andar uma milha, ande duas.’

Maomé é contra todas as imagens de Deus porque seu povo esteve adorando imagens por séculos.
Eles tinham trezentos e sessenta e cinco deuses, um deus para cada dia do ano.
A Caaba, na época de Maomé, era um dos maiores templos do mundo, dedicado a trezentos e sessenta e cinco deuses.
Maomé destruiu todos aqueles ídolos.
Isto parece negativo!

Buda diz: ‘Não existe verdade nos Vedas nem nos Upanishads.
Cuidado com palavras bonitas!
Cuidado com especulações filosóficas!
Não desperdice seu tempo com lógica.
Fique em silêncio!
Jogue fora os Vedas de sua cabeça; somente assim você consegue ficar em silêncio.’

Ele parece negativo, ele parece nihilista, perigoso – mas esta é a única maneira que você pode ser ajudado.

O falso tem que ser mostrado a você como falso.
Você tem que começar com isto: neti neti – nem isto nem aquilo.
O Mestre tem que dizer a você: ‘Isto é falso e aquilo é falso’.
Ele tem que continuar apontando para você tudo o que for falso, porque quando você souber tudo o que for falso, de repente uma transformação acontece em sua consciência.
Quando você se tornar consciente do que é falso, começará então a ficar consciente do que é verdadeiro.

Não se consegue ensinar o que é a verdade, mas certamente se consegue ensinar o que não é a verdade.
Você foi condicionado; você pode ser descondicionado.
Você foi hipnotizado – como hindu, muçulmano, cristão, jaina...
A função do Mestre é desipnotizá-lo.
Uma vez que você seja desipnotizado, de repente será capaz de ver a verdade.
A verdade não precisa ser ensinada. (...)

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OSHO - The Book of the Books - Volume I - Discourse n. 3
Palestras sobre O Dhammapada, de Gautama, o Buda
tradução: Sw.Bodhi Champak

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