8 de abr. de 2012

BIDI - 8 de abril de 2012 - 1

Mensagem publicada em 9 de abril, pelo site AUTRES DIMENSIONS.


 



Áudio da Mensagem em Francês





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Bem, Bidi está em sua companhia.
Vamos fazer-nos companhia e interagir.
Vocês tiveram a oportunidade de ler o que eu me proponho aportar-lhes.
Eu volto a pedir-lhes, fortemente, para escutar e ouvir.
Minha companhia não é um diálogo, nem um jogo mental, mas, efetivamente, uma ocasião, para vocês, para deixar, de algum modo, Ser além de seu Si, além de sua presença.

Este espaço, este tempo concerne-lhes, a todos.
Através de uma questão que lhes é pessoal, outros podem estar em ressonância, em afinidade e, portanto, encontrar, por trás das palavras que vou empregar, um ponto específico sobre o qual apoiar-se.
O que lhes interessará, nessa sequência de entrevistas, é diretamente religado, além do nome que eu lhes dei, à ação da Luz, à ação do Absoluto.

Minha Presença não é uma presença, mas, bem mais do que isso, porque ela é, também, vocês mesmos.
Nós temos todo seu tempo para caminhar na vida.
Sejam imparciais.
Sejam calmos.
A neutralidade e sua paz são as condições – indispensáveis, suficientes e necessárias – para instalar, se se pode dizê-lo, o que deve ser instalado, em vocês e além de vocês, além mesmo deste espaço e deste tempo.

Se não existem questões prévias e técnicas, vamos, portanto, poder começar.

Questão: como ser liberado do medo e ter confiança?

O medo, como a confiança, dependem, unicamente, do ego.
A confiança não permitirá, jamais, assim como o medo, atravessar.
É preciso reconsiderar o medo e a confiança porque, tanto um como o outro são apenas duas extremidades de uma barreira intransponível, situada, como sempre, no ego e na pessoa: porque nenhuma confiança, como nenhum medo pode permitir transcender um limite,

É preciso, portanto, que você aceite depositar seus medos, como você depositará sua confiança.
Há, portanto, um convite para posicionar-se além do medo porque, se você se situa no instante, calmo, sem questão, o medo não pode aparecer.

O medo é sinônimo de desconhecido, para a pessoa.
O medo representa, de algum modo, o elemento de resistência, o próprio quadro em que se inscreve toda pessoa, todo ego, todo indivíduo.
O medo atravessa.
Como emoção, como pensamento, ele faz apenas resultar, em definitivo, de seu próprio passado.

Reflita: não há qualquer substrato, qualquer causa no instante presente, para o medo.
Assim como não há qualquer razão e qualquer lógica para estabelecer qualquer confiança, a partir do instante em que você está aí, e não num instante de antes e, ainda menos, num instante de depois.
Ficar tranquilo é isso.
É não se colocar a questão de medos, não se colocar a questão da confiança.
É instalar-se na eternidade, porque o medo, como a confiança, inscreve-se, de maneira definitiva, no que é linear.

O Absoluto não conhece a linearidade.
Ele é, justamente, transcendência total do espaço/tempo (tal como ele é conhecido).

O medo é um limite.
Você não pode cruzar o limite considerando-se inscrito num limite.

A partir do instante em que sua atenção for atraída por seus próprios medos, você vai, de algum modo, cristalizá-los, densificá-los, torná-los vivos, no instante, no presente.
A partir do instante em que você está em paz e calmo, nenhum medo pode surgir.
E quando, efetivamente, de qualquer modo, esse medo surgisse, o próprio fato de estar em paz aportaria a você, inevitável e quase imediatamente, a lógica de que esse medo não tem qualquer consistência, qualquer verdade, mas que ele é um sinal que vem do que está morto (no que você viveu ou no que você temeu), mas não pode, de modo algum, estar presente no instante que você vive.

A dualidade consistente numa extremidade ou na outra, no que lhe concerne, o medo que deve ser substituído pela confiança, inscreve você no limite do medo e da confiança.
Querer substituir o medo pela confiança instala-o em sua própria dualidade e, portanto, reforça sua própria pessoa.

Quando eu emprego a palavra paz, a outra extremidade é a guerra.
A meditação, como a atenção, são estados que se aproximam da paz.
Obviamente, a guerra seria a atividade incessante do mental, que vem perturbar sua paz.
Se você escuta e está atento, não ao que lhe diz o que está morto, não numa projeção que quer suprimir esse medo, mas, efetivamente, na aceitação, na compreensão e na lógica de que você não é qualquer de seus medos e de que não há a aplicar, nisso, qualquer confiança.
Simplesmente, deslocar-se em sua paz.
Simplesmente, não mais ser o que emerge do que passou, o que emerge do que morreu e, ainda menos, o que emerge do que não pode ter nascido (e, portanto, não pode estar presente).

A partir daí, você colocará, em si, o próprio fundamento do ouvir e da escuta, não do que você crê ser, não de qualquer passado, não de qualquer evolução, mas, efetivamente, na verdade do instante que você vive, a única que é capaz de fazê-lo cruzar seus próprios limites e, portanto, ser ilimitado.

Lembre-se de que o ilimitado sempre esteve aí, sempre presente, sempre inscrito além da consciência.
Só os freios e as resistências oriundas do que você não é – e às quais você deu peso, às quais você atribuiu crédito – impedem-no de vivê-lo.
Você não é, portanto, seus medos, porque, como o que não é uma pessoa poderia portar qualquer medo?
Como poderia existir, no que não existe (ou seja, essa pessoa), qualquer amanhã?

A premonição, a antecipação e o medo resultarão, sempre, apenas na atividade do mental e, unicamente, do mental.
Ora, esse mental nasce com sua vinda nesse mundo, quando de sua construção na ilusão, e é um elemento, um atributo absolutamente real, na dualidade.
Ele lhe permite adaptar o que foi vivido ao que se vive e ao que haverá a viver.
Mas você não é nem o que viveu, nem o que se vive, nem o que há a viver.

Você é a vida.
Há, portanto, em você, a ver – sem apegar-se – os medos, como o que não é a vida, mas, efetivamente, o que você acreditou de sua vida.
O medo é um peso morto, que resulta do próprio terror do ego e da pessoa, de seus próprios limites inscritos entre o nascimento e a morte.

Você não é nem o que nasceu, nem o que vai morrer (contrariamente ao que quer fazer-lhe crer seu mental, e você não é seu mental).
O crédito que você aporta à sua pessoa traduz-se por um crédito maior ou menor que você dá à sua própria história, que morreu e que o afasta da experiência do Absoluto.

Compreenda, efetivamente, que não se trata de rejeitar, como um ato de negação, o que você atravessou em sua história.
Mas sua história não será, jamais, o que você é no Si e, ainda menos, no Absoluto.

Mude de olhar.
Eu não falo do olhar dos olhos, eu não falo do olhar das emoções de seu próprio passado.
Mas mude de olhar sobre si, aí, nesse presente, porque você nada é dessa história, nada desse futuro e nada dessa confiança que você quereria obter, porque nada há a obter que já não esteja.
Nada há a combater, porque tudo o que resiste reforça-se.

Considere tudo isso como não tendo qualquer existência própria, porque você não é nem essa história, nem essa confiança, nem mesmo essa pessoa, nem mesmo a esperança, porque tudo já está aí, na paz além de toda confiança, no instante de sua pergunta e da resposta.

Questão: geralmente, o mental desvia-me para pensamentos para combater a injustiça ou ver o lado negativo de eventos. Por vezes, tenho a impressão de que nada move, mesmo se o sentir Vibratório seja certo. Como transcender esses processos ou essas resistências?
O julgamento está inscrito no mental.
O mental é feito para discriminar, para pesar e sopesar o bem e o mal.
Ele é feito para agir nesse mundo.

Enquanto você se considerar como nesse mundo (e não, unicamente, sobre esse mundo), seu mental será parte de suas experiências.

A cultura, a educação, o ensinamento sempre foram imaginados em torno dessa dualidade.
A própria moral, o próprio afetivo e o conjunto de leis observáveis e utilizáveis nesse mundo vêm apenas daí.
Há uma parte de você que é a totalidade, mas que seu ego não pode reconhecer.
Essa parte de você que lhe é desconhecida, nomeada Absoluto ou Final, não pode aparecer-lhe – porque já está aí – se o aspecto discursivo de seu mental está presente.
Ele é, de algum modo, aquele que venda, de maneira opaca, a verdade, a verdade além do aspecto discursivo.

Isso se atém, em você, a uma necessidade de segurança, a uma necessidade de ser tranquilizado, mas quem dita isso, se não é o ego ou a pessoa?

Não há que trabalhar, propriamente falando, sobre a causa ou o por quê dessa necessidade de ser tranquilizado, porque o que você É está bem além do fato de ser tranquilizado ou de compreender.
O conhecimento é, em definitivo, apenas uma ignorância do que você É.

Aceite ser ignorante, aceite não ter necessidade de ser tranquilizado ou de compreender e, aí, você passará, inevitavelmente, da ignorância ao conhecimento real, que não tem necessidade de qualquer aspecto discursivo, que não tem qualquer necessidade de ser tranquilizado nem mesmo compreender.

O olhar, aquele dos olhos, leva-o, sempre, a essa vontade de compreender e pôr, portanto, em ação, o mental e, portanto, o julgamento.
Em definitivo, se você vê claramente, nenhum julgamento poderá aportar-lhe a paz, porque todo julgamento chama, inevitavelmente, outro julgamento: todo olhar levado, que discrimina, chama a continuação do que é discriminador e, portanto, dualitário.
Aceite olhar isso, não encontrar uma origem ou uma compensação, porque nem a origem, nem a compensação possibilitarão a você transcender, nem mesmo superar esse princípio.

O mental deve servir para viver e para agir nas atividades normais desse mundo, mas, a partir do instante em que não se trata mais desse mundo, mas do Absoluto que você É, ele não lhe é mais de qualquer socorro, de qualquer recurso, de qualquer utilidade.

A dificuldade reside, aparentemente, em passar de um ao outro.
Você deve, então, considerar e reconsiderar que, na vida comum, o mental age por si mesmo, em relação às suas experiências passadas, à sua história.
Então, aí também, pode-se dizer que seu próprio mental age por si mesmo, também, em seus atos quotidianos.
Ele não tem necessidade, propriamente falando, de você.
Deixe-o agir, deixe-o, de algum modo, exprimir-se nos momentos comuns.

Assim, se você solta as rédeas, se você se contenta em observar e deixá-lo trabalhar, ser-lhe-á muito mais fácil, nos momentos Unitários, não deixá-lo interferir com o que você É.
Sirva-se, portanto, desse aspecto discursivo, comparativo e habitual do mental, observando-o nos momentos comuns da vida e não, é claro, querendo expulsá-lo, nos momentos Interiores, porque você não poderá, jamais, expulsá-lo.
Você apenas pode, simples e facilmente, tomar consciência da atividade dele – que não é a sua, aí tampouco – nos momentos os mais comuns da vida, porque esses momentos comuns concernem, efetivamente, apenas ao mental e não têm, absolutamente, necessidade de você para serem eficazes e eficientes.

Adotem isso, verifiquem disso a veracidade e, sobretudo, a eficácia, e você verá, então, muito rapidamente que, nos momentos Interiores ou definidos como tais, o pensamento e o julgamento não podem alterar, de maneira alguma e de modo algum, aquilo a que você acede em sua experiência, naquele momento.

Aí também, você não pode opor-se sem reforçar – e, sobretudo, nesses momentos ditos Interiores – seu próprio mental.
Ele é o que ele é.
Sua história é o que ela é.
Mas você não É nem um nem outro.

Em resumo, deixe o mental ao que ele é, às suas funções, às suas utilidades, olhe-o, nesses momentos: ser-lhe-á, então, extremamente fácil vê-lo agir e, portanto, apreender, nesses momentos comuns, que você não é o que age.
Mas, se você faz o inverso (ou seja, esperar os momentos ditos Interiores para opor-se, fundamentalmente, ao seu próprio mental), você perderá, sempre, a batalha, porque é uma batalha, e a paz não pode acomodar-se em batalha alguma.
Coloque-se assim e você constatará, então, que o mental continua no lugar e nas funções dele.

Questão: o que a parte de mim que eu não conheço tem a me dizer, no instante presente, para ajudar-me a ir para esse Absoluto?
Compreenda que não há que ir para, porque, a partir do instante em que você pede para ir para, você já põe uma distância que não existe.
Essa parte que você não conhece nada tem a dizer-lhe no que você conhece, senão, ela não lhe seria desconhecida, se não, você seria Absoluto.
É preciso, portanto, aceitar que o que lhe é desconhecido, estritamente, nada tem a dizer-lhe em seu conhecido.
E que ele não pode aparecer-lhe, desvendar-se, não como algo ao qual é necessário ir, não como um esforço, mas, efetivamente, a partir do instante em que você faz calar tudo o que você conhece.

Elimine tudo o que você conhece.
Refute tudo o que é efêmero e, em primeiro lugar, o que é que é efêmero?
Sua própria vida, o passado, qualquer que seja, suas emoções, quaisquer que sejam, porque elas inscrevem-se, sistematicamente, na lei da dualidade (ação/reação sem fim), sem, contudo, ser eternas, uma vez que, por definição, essas emoções mudam em função do que lhe é dado a viver, a ver e a sentir.

O que lhe é desconhecido não pode ser nem vivido, nem sentido em seu conhecido.
Não há, portanto, possibilidade de fazer entrar o desconhecido no conhecido.
Você deve, portanto, sair de seu conhecido, não como uma rejeição, não como uma negação, mas, simplesmente, aceitando que você, estritamente, nada é do que você conhece.
O verdadeiro conhecimento é independente do conhecido.

O que o ego interpreta como conhecimento é uma farsa, porque isso não é, jamais, durável, porque isso é, geralmente, oriundo de crenças, veiculadas por outras histórias e outras experiências que, estritamente, nada têm a ver com você e às quais, no entanto, você atribuiu crédito.
Não é porque Buda existiu que você vive Buda.
Por mais que você ler tudo, por mais que compreender tudo, assimilar tudo, você não pode reproduzir o que quer que seja, porque isso é oriundo de crenças.

Você deve, portanto, real e objetivamente, matar todas as suas crenças, porque você não é essas crenças.
Você não pode, portanto, de maneira alguma, ir para o desconhecido com qualquer crença, com qualquer conhecimento, com qualquer história.
E isso não pode, efetivamente, produzir-se, porque não há parte alguma aonde ir, não há deslocamento.

Enquanto você crê procurar o Absoluto, ele não o encontrará, jamais, porque ele sempre esteve aí.
E, portanto, crer que você irá a algum lugar é uma farsa de seu próprio mental.
Mesmo se o Si não seja você, no Absoluto.
Do ponto de vista do Absoluto, o ego, a pessoa, esse próprio mundo, sua própria história não existem.
Aí também, é uma dissimulação, uma simples projeção, uma Ilusão, um jogo estúpido e estéril.
Não há evolução: apenas o ego crê nisso, apenas o Si pode vislumbrar isso.

O Absoluto não se põe esse gênero de questão.
É impossível que haja qualquer evolução.
Pode haver, certamente, transformações.
Pode haver, certamente, melhorias.
E o ego deleita-se com isso, porque ele estava mal na véspera, ele está melhor no dia seguinte, porque ele compreendeu a causa e a origem de um sofrimento, a causa e a origem de uma doença, a causa e a origem de um desequilíbrio.
Ele dá, portanto, a impressão de avançar.
Ele dá, portanto, a impressão de melhorar, mas é uma armadilha porque, em momento algum ele lhe permitirá sair daquilo a que ele o faz crer.
É impossível.

O Desconhecido, o Final, nada é de conhecido, não é tempo algum, espaço algum.
De seu ponto de vista, isso é o neant.
Mas, do ponto de vista do Absoluto, o neant é você, e nada mais.

Quando você fecha os olhos, o mundo desaparece.
Quando você dorme, o mundo no qual você vive desaparece, também.
Só a crença, pela experiência de crer que você vai acordar no dia seguinte, faz com que você adormeça sem inquietação.
E, no entanto, quem pode assegurar-lhe que você vai daí sair?
E, no entanto, você se coloca a mínima questão?

Nada há a deslocar, a não ser seu olhar.
Não há lugar algum aonde ir, porque você ali já está.
Não há esforço algum a fornecer, bem ao contrário.
O ego, a pessoa é um esforço permanente, através dos sentidos, através das emoções, através de sua história e de seu mental, que agem, permanentemente, de maneira mais ou menos forte, para que você não tome, jamais, consciência de sua medida.
E, não tomando, jamais, consciência de sua medida e de seus limites, você continua na prisão e não encontra, jamais, o Absoluto que não é para encontrar, porque não é você que o procura, mas é ele que o encontra, a partir do instante em que você sai de todo conhecido, de toda referência e de todo ilusório conhecimento que é apenas uma farsa.

Questão: como viver melhor na alegria e na simplicidade?
A alegria e a simplicidade fazem parte de sua Essência e de sua natureza.
Aí tampouco há a cultivá-la, porque essa alegria está presente.
Apenas a distância que você põe, e a ignorância que você ali põe podem representar o que é vivido como uma ausência de alegria.
Nada há de mais simples do que o Absoluto.
O que é complicado é o mental e o ego, porque eles constroem, permanentemente, estratégias, eles constroem, permanentemente, condutas, regras a observar, quadros e limites (quaisquer que sejam esses quadros e esses limites).
Eles tentam construir-se uma simplicidade, preservando-se da complexidade desse mundo, crendo conhecê-la, crendo prová-la.
Mas, absolutamente, nada desse mundo é absoluto e, no entanto, você é Absoluto.

A alegria decorre do Êxtase.
A alegria é a manifestação do Si, do Samadhi.
A simplicidade está, também, presente no Samadhi.
Ela lhe permite aproximar-se e viver, pela experiência e por momentos, a não separação.
Mas você continua inscrito na separação e, portanto, a simplicidade parece partir, como a alegria parece partir.
Não é a alegria nem a simplicidade que partem, mas é, efetivamente, você que parte de si mesmo.

A alegria e a simplicidade sempre estiveram aí.
O único movimento é aquele do ego, o único movimento é aquele do mental e das emoções que se desenrolam e sucedem-se num tempo linear.
Nada há, portanto, a cultivar, nada há, portanto, a procurar que já não esteja, porque, se você fala da alegria, a cultivar, você considera, portanto, já, a não alegria e, portanto, a outra extremidade está presente em você.
Não há extremidade.

Considere que a alegria não pode ser uma experiência situada entre dois períodos de não alegria, mas que é um estado que decorre, diretamente, do que você É, e tudo mudará para você.

Quanto à simplicidade, ela consiste, simplesmente, em estar na paz, em não dar corpo ao que quer que seja mais, a não nutrir o que quer que seja mais.
O Si e o Absoluto são uma transcendência total, aí também, do que você nomeia alegria e simplicidade, porque o Absoluto não pode referenciar-se – mesmo se ele seja simples – a algo que seria complicado e a uma alegria que implicaria uma não alegria.

Essa alegria está, portanto, além de toda alegria: é por isso que é mais sábio nomeá-la êxtase ou íntase.
O ego retê-los-á, sempre, nessa dualidade de conceito e de experiência.
Ele mantém, portanto, a linearidade.

O Absoluto é a saída da linearidade.
O Absoluto é sua natureza, sua essência.
Não há, portanto, que procurar ou cultivar qualquer alegria, qualquer simplicidade porque, se você consegue ficar, totalmente, na escuta e no ouvir, além de qualquer tempo, a partir desse momento, o Absoluto está aí, porque ele vem a você.

Querer a alegria, querer a simplicidade é, já, considerar que ela não está presente.
Ora, você é a alegria e é a simplicidade.
A distância decorre, simplesmente, de sua história e de suas experiências passadas, nas quais o arrependimento e o desejo disputam-se, em você, para ocupar a dianteira da cena.
Mas é apenas uma cena, é apenas uma representação, uma projeção, que não tem substância alguma, nem mesmo a mínima realidade.

Isso há a descobrir por você mesmo, porque ninguém pode dizê-lo a você, ninguém pode fazê-lo viver: apenas você, e você sozinho, é que pode atualizá-lo.
Em definitivo, deixe esse corpo viver, deixe seus pensamentos viver, deixe-os trabalhar.
Será que você se põe a questão quando come um alimento, de saber se ele vai fazer bem o que ele tem a fazer?
Não: isso se faz.

Aja do mesmo modo para o que você considera ter a fazer nessa via.
Não se implique, mas faça-o.
Olhe-se agir e, depois, coloque-se a questão de quem olha.
Será que você é esse corpo que absorve um alimento?
Você é esse mental que se põe a questão do efeito do alimento?
Ou você É outra coisa?

Elimine, também, o que é da ordem de uma dinâmica efêmera (como comer, como dormir).
Elimine, também, o que é da ordem do hábito (lavar-se pela manhã, mesmo se seja necessário fazê-lo): você nada é de tudo isso.

Então, aparecer-lhe-á, de maneira fulminante ou progressiva, o que você É.
Ser ou não ser.
O Absoluto não é nem um querer, nem um objetivo, nem um caminho.
Não há nem querer, nem objetivo, nem caminho.
Há apenas a vida que escoa, quer você ali participe ou não, quer você ali esteja ou não.
Torne-se, portanto, a Vida, e o Absoluto aparecer-lhe-á, porque ele sempre esteve.

Questão: relações ou comportamentos tomados de dualidade nesse plano podem constituir um freio à realização do Absoluto?
Primeiro, não pode existir qualquer Realização ao Absoluto.
A Realização concerne ao ego e ao Si, mas, em caso algum, ao Absoluto.
Nenhuma manifestação dualitária pode contrariar, frear ou bloquear o Absoluto.

Você come.
Toda a fisiologia desse corpo é baseada na dualidade.
Toda a fisiologia das emoções e do mental é baseada na dualidade.
Nenhum elemento desse corpo ou de seus envelopes sutis pode alterar, de maneira alguma, o que É.

Pensar e conceber que haja uma tarefa a cumprir, um caminho a efetuar, um yoga a praticar é da competência da personalidade e do ego, jamais do Absoluto.
Os yogas, quaisquer que sejam, conduzem-nos ao Si que há, eventualmente, a Realizar.
Mas o Absoluto não será, jamais, uma Realização, mas, efetivamente, a Liberação de todo yoga e de toda dualidade.
O que não consiste em negar a dualidade enquanto essa forma (esse corpo), essa pessoa esteja presente nessa ilusão.

Trata-se, portanto, efetivamente, de uma transcendência e, de maneira alguma, pode tratar-se de uma transformação.
O crer é uma farsa do ego.
Você não pode transformar o que é limitado, e crer que a imperfeição vá tornar-se perfeita.
A perfeição não é desse corpo, nem desse mental, nem de sua própria vida.
Ela é o Absoluto.

Vislumbrar que algo possa alterar ou impedir o Absoluto é uma máscara.
É o ego que joga, ele mesmo, para crer que ele estará melhor amanhã.
Ele o será, talvez, ele o será, certamente, mas o que ele vai ganhar?
Melhorando a saúde, melhorando a respiração, melhorando as angústias, ele tem uma busca apaixonada de um melhor ser ou de um bem-estar, mas nenhum melhor ser e nenhum bem-estar o fará descobrir o não Ser.
Ele o afastará disso, tão seguramente como o mal-estar.
São estratégias, elaboradas pelo ego, para fazê-lo crer que há algo a procurar, algo a melhorar, algo a praticar, que vai fazê-lo aproximar-se, mas, em definitivo, você se afasta disso.

É claro, a pessoa – o ego – vai satisfazer-se em sofrer menos, em estar menos angustiado, em viver melhor e mais longo tempo ou diferentemente, mas isso, estritamente, para nada serve.
O que não quer dizer, com isso, que seja necessário pôr fim à ilusão, mas, efetivamente, estar consciente e lúcido do que é: apenas uma ocupação, apenas uma derivação.

Então, aí também, ocupe, se quiser, sem mental e seu corpo, mas aceite o princípio de farsa e de ilusão.
Nutra esse corpo, quando ele tem fome, dê-lhe de beber, quando ele tem sede.
Não lhe virá à ideia refutar a fome e a sede e, contudo, será que satisfazer a fome e a sede deixa o Absoluto aparecer?

É o mesmo ao nível do mental.
Você pode nutri-lo de todos os modos, você pode dar-lhe a ler e, portanto, regar-se de todo conhecimento, você fará apenas reforçar sua própria ignorância do Absoluto.
É apenas o jogo do ego e do mental que, de maneira duradoura e incessante, quer fazer crer que você vai ali chegar.
Mas você não pode ali chegar, uma vez que não há lugar algum aonde chegar.
E se, efetivamente, houvesse um destino a chegar, bem, isso significaria, simplesmente, o fim do ego.
Você conhece um ego que queira morrer por si mesmo, se não é pela porta da morte?
O Absoluto não se ocupa, absolutamente, desse corpo, absolutamente, do que você procura, absolutamente, do que você crê ou espera.
Ele não se importa, de qualquer forma, com seus próprios gestos.
São apenas movimentos que nada aportam à paz e à imobilidade.
São, portanto, realmente, gestos que vão, simplesmente, atrair a consciência.

O Absoluto não se importa com tudo isso: ele instalou-se rio acima, rio abaixo, por toda a parte, além de todo espaço, de toda eternidade.
Nada há de pior do que crer que você vai ser Liberado, porque você procura a Liberação, porque, em definitivo, você é Liberado, de toda a eternidade, mas, simplesmente, você não sabe disso.

Não há, portanto, aí tampouco, a rejeitar o que quer que seja, mas, efetivamente, transcender todos esses aspectos que são apenas véus e máscaras colocadas sobre o Absoluto.
É preciso, portanto, cessar toda projeção do que quer que seja.
A partir desse instante, então, o Absoluto aparecer-lhe-á.
Mas é necessário cessar a vaidade de crer que há algo a procurar, algo a Realizar e, mesmo, algo a Liberar.

Se você fizesse calar todas essas vaidades, então, o não Ser seria a única possibilidade.
Lembre-se de que você é efêmero no que crê, sejam pensamentos que passam, ou mesmo esse corpo que nasceu e que retornará à terra.

Será que você é esse corpo?
Será que você é o que é efêmero?
Você é sua procura?
Você é o que é suas práticas?
Em definitivo, o que você é?

Se você é capaz de viver o que era antes de ser esse corpo (além de qualquer corpo, de qualquer vida passada que pertença à personalidade, de maneira irremediável), bem, instantaneamente, o Absoluto estaria aí, porque ele sempre esteve aí.

Você não pode apropriar-se do que quer que seja, porque você É isso.
Você não pode possuir o que você É.
É apenas o ego que o faz crer nisso.

Questão: eu, frequentemente, desejei que, após a morte, houvesse o neant. Há uma diferença entre o neant e o Absoluto?
O que deseja, após a morte, é, obviamente, o ego.
A melhor imagem e a melhor representação que possa sugerir o ego, do Absoluto, é, é claro, o neant.
O Absoluto não é, é claro, qualquer neant, mas ele é, também, o Neant.

O Absoluto, após o fim dessa forma, é o retorno ao sem forma, além de qualquer memória, além de qualquer experiência, em toda forma, mesmo se possa persistir uma forma, que nada mais tem a ver com uma forma desse mundo.

O Absoluto é o Tudo e o Neant.
O sem forma – ou o fim da vida, aqui – põe fim, de algum modo, ao complexo inferior ego/personalidade (envelope físico e envelopes sutis), mas coloca (e colocava, até o presente) o Ser, do outro lado do quarto.
Mas era o mesmo quarto e, em caso algum, o neant.
E, portanto, em caso algum, o Absoluto.

A forma desaparece, porque ela é efêmera.
A personalidade desaparece, porque ela é efêmera.
Mas, se algo volta, esse algo não é inscrito em forma alguma e personalidade alguma.

Hoje, no sentido de seu tempo, nada há que deva voltar ou afastar-se do Absoluto.
Em definitivo, o neant (quer ele seja ansiado, desejado ou repelido com terror e medo) é, efetivamente, o Absoluto, para o ego, para a pessoa, para o mental.
Encarar seu próprio fim, como efêmero, pode encher de terror ou de paz, mas, tanto num caso como no outro, representar-se a morte como um neant não permite, de modo algum, viver o Absoluto, seja mantendo essa forma ou não, porque o neant continua, nesse caso (e continuará, sempre), uma crença.
Uma crença não tem peso algum.
Uma crença é uma justificação da ausência, ela mesma, da experiência.
Nenhuma crença pode substituir a experiência.
Nenhuma história pode escrever-se no instante.
A crença os faz crer no instante ou no instante seguinte, ou no instante passado, mas ela não é o presente.

O ego não é feito para conhecer o neant, uma vez que ele desaparece, ainda menos o Absoluto, porque ele não pode ali reconhecer-se, nem conhecer-se.
O Absoluto não pode ser, como o neant, um desejo, uma vez que vocês não podem desejar, em definitivo, o que vocês São, verdadeiramente, e que já está aí.
É o ego que vai crer que há a desejar.

Num momento ulterior, chamado a morte, o neant já está aí, para o ego.
Recusar vê-lo é recusar o Absoluto.
Colocá-lo no amanhã ou dizer-lhe que é impossível é uma forma de negação do Absoluto.
O ego procura, ele também, à maneira dele, refutar o que lhe é desconhecido, negá-lo, e, eu diria que isso é de boa guerra.

Se vocês ficam tranquilos e na paz, se vocês estão além daquele que observa, se estão além do testemunho, além de todo conceito, além de toda percepção, de todo consciente ou inconsciente, se saem de toda referência, de toda projeção, de todo sentido da antecipação, então, vocês deixam o lugar para a Verdade, para o Absoluto.

Vocês não podem refletir sobre o Absoluto.
Você não pode colocar-se a questão do neant, simplesmente, dele provar a vertigem ou a plenitude (é conforme), mas o que você prova, naquele momento, não pode ser validado, nem mesmo ser uma prova.
A única prova do Absoluto é o Êxtase e, em preliminar, seu testemunho: a Onda de Vida.
Nada pode ser mais.
E nada pode ser menos.
Não há mistério no Absoluto, apenas o ego crê nisso e tem tendência a fazê-lo viver, porque o ego não pode representar o que, efetivamente, não tem representação alguma.

Então, o neant pode aparecer como uma segunda opção, sedutora ou assustadora.
Mas ele continua uma segunda opção.

Questão: essa latência, à qual você faz alusão, como apoio do Absoluto, pode ser vivida como uma sensação de não ter que se fazer isso, o que quer que viva, ainda, a personalidade? E que a Alegria profunda e a Beleza que animam, então, são uma Verdade à qual se pode prender-se?
O Absoluto não pode ser preso a nenhum lugar: é necessário, portanto, que você se desprenda dele.
Enquanto você está preso à sua própria Alegria, você coloca seu próprio limite ao Absoluto e, portanto, você não pode vivê-lo.

Você não pode, portanto, ficar apegado ou preso ao que quer que seja.
Toda amarra é um freio.
Mesmo se existam camadas sucessivas que permitam e deem a ilusão de escalar o que quer que seja, é um momento em que, mesmo isso, há a abandonar.
Como você pode viver o Absoluto enquanto não abandona o Si e sua Alegria?
É, efetivamente, muito mais fácil e sedutor viver a Alegria, e inúmeras estruturas que se exprimiram convidaram-nos (ndr: o Coclave Arcangélico, a Assembleia dos Anciões, das Estrelas...), porque a Alegria é um alívio e um alívio pode ser considerado como benéfico.
E isso o é, contrariamente à gravidade e à densidade.

Mas aliviar-se não basta para fazer desaparecer a projeção na ilusão.
É, portanto, um instante – ou um tempo, se prefere – para, aí também, aceitar não mais estar preso.
Não pode ser concebível, nem aceitável, que o fato de viver a Alegria, de maneira contínua, possa permitir-lhe, um dia, ser Absoluto.

Como as estruturas que se exprimiram disseram: vocês estão Liberados.
Mas essa Liberdade não é, necessária e implicitamente, viver a Liberação.
A problemática do Absoluto, contrariamente à Realização, é que isso não pode ser, de modo algum, uma Consciência nova, ou, mesmo, um salto de Consciência.
Não há possibilidade, porque não há ponte entre a Realização e o Absoluto.

O Absoluto é – justamente, e bem ao contrário – o desaparecimento na crença de toda ponte, ou de toda possibilidade, ou de toda Verdade à qual permanecer preso.
É preciso, realmente, não mais estar preso.
Aceitar, de algum modo, Abandonar-se à Fonte de si mesmo, sem conhecê-la.
Abandonar o Si, que é conhecido, através da Alegria e da Beleza.

O Absoluto e o Final jamais foram, nem serão, jamais, outra coisa que não o que é Verdadeiro e o que É, de toda a Eternidade, porque não efêmero.
A Alegria à qual você pretende estar preso desaparecerá, assim que a forma desaparecer.
Isso não pode ser, portanto, eterno, nem durável, mesmo se se instalou de maneira que lhes pareça duradoura.

Há, portanto, em Verdade, que desprender-se de todo conhecido, sem qualquer exceção.
A partir do instante em que algo lhes apareça como conhecido, não pode ser Absoluto.
Os limites representantes de medos, de obstáculos, não lhes são de utilidade alguma nem de qualquer assistência (e, de maneira alguma) para que o Absoluto encontre-os.

Em definitivo, o mecanismo de latência é o que dá a perceber a existência de um tempo e que dá a perceber a existência de um futuro.
Ora, o Absoluto não tem nem passado, nem presente, nem futuro.
Ele É, além do Ser.
Ele é Isso.
E você é Isso.
Não há qualquer esforço a fornecer.
Não há qualquer vontade a demonstrar.
Você não pode, portanto, continuar preso nem, portanto, ser tributário de uma verdade Relativa, porque toda verdade, mesmo relativa, não é o Verdadeiro, é apenas uma etapa.
E o Absoluto não é uma etapa.
Se você refuta isso, se aceita, disso, a incidência, então, o Absoluto encontrá-lo-á.
Lembre-se de que você não pode prender-se nem procurar.

Questão: se um projeto foi feito antes da Passagem ao Absoluto, esse projeto pode manter-se ou ele desaparece?
Será que o Absoluto faria desaparecer o projeto de uma forma que está na vida?
De modo algum.
Mas, mesmo se esse projeto viesse a desaparecer, não é uma ação da personalidade e, obviamente, ainda menos, uma ação do Absoluto.
O Absoluto não interfere e não modifica as circunstâncias desse mundo.
Contudo, a Liberação pelo Absoluto faz mover o conjunto do Universo, o conjunto dos Mundos.

O relativo de um projeto, qualquer que seja (seja um projeto de vida, um projeto de negócios), desenrolar-se-á ou não se desenrolará.
O Absoluto não está aí por acaso.
A mudança de olhar sobre o projeto e sobre a forma não requer, obrigatoriamente, o desaparecimento do projeto ou de sua forma.
Mas isso não tem importância alguma, uma vez que vocês não são mais esse projeto, vocês não são mais essa forma.
Quer vocês continuem a apoiar o projeto como a portar essa forma (porque é um peso), isso nada muda o Verdadeiro.

O Absoluto não é concernido pelo limitado, mas ele engloba o limitado.
O limitado não tem qualquer ponte nem qualquer continuidade com o Absoluto.
O Absoluto engloba-o.
Não há que colocar-se a questão desse corpo, como de toda relação.
Não há qualquer razão válida e objetiva ou lógica para que o Absoluto decida ou queira o que quer que seja.

Em contrapartida, o relativo inscrito numa forma (ego, pessoa) pode ser levado a reposicionar-se, porque o Absoluto faz, efetivamente, mudar de olhar.
Mas isso não é nem obrigatório, nem uma obrigação, mesmo se possa produzir-se.

O Absoluto, vivido e inscrito numa forma, continua a fazer viver essa forma.
Não há oposição ou antagonismo.
Há apenas a evidência do Absoluto, o fim do questionamento sobre o sentido e o por que.
Mas essa forma relativa continua a evoluir ou sempre é o que ela crê.
O Absoluto pode pôr fim às ilusões, mas não à ilusão desse corpo, não sempre, mas isso não tem mais qualquer espécie de importância, porque aquele que é Liberado Vivo não pode mais ser levado para a morte, para qualquer ilusão, para qualquer jogo.
Tudo isso é transcendido, verificado e verificável, a cada minuto, a cada sopro, quer esse corpo permaneça ou desapareça, a desidentificação é total com o corpo, sem, contudo, que haja um desengajamento desse corpo.
Tudo pode parecer similar e, no entanto, tudo é diferente, não, simplesmente, transformado, mas, efetivamente, realmente, transcendido.

Há um antes e um depois do ponto de basculamento no Absoluto, para a pessoa.
Esse antes e esse depois podem ser idênticos ou radicalmente diferentes.
Isso não tem qualquer incidência e qualquer repercussão.

Ser Liberado Vivo é agir Livremente e em Liberdade, é não mais ser tributário de qualquer moral, de qualquer sociedade, de qualquer relação.
Vocês estão liberados, ao mesmo tempo podendo, amplamente, continuar a estar nesse mundo, mas, simplesmente, vocês sabem que vocês ali não estão.
Vocês o consideram como um jogo, e é um jogo.
Vocês descobriram a máscara.
Vocês descobriram a farsa.
Vocês são Liberados Vivos e não podem ser, aliás, que não Vivos.
O que muda e que deve mudar não é função de um desejo da personalidade nem de qualquer transgressão, mas, efetivamente, o efeito direto da transcendência.

As relações, o posicionamento em relação ao outro, em relação ao mundo, em relação à sociedade e à moral não serão mais, jamais, as mesmas, porque vocês se tornaram o testemunho vivo do Absoluto e estão descondicionados, mesmo estando presentes em algumas condições.
Aí está o Verdadeiro.

Questão: você pode indicar-nos o que permite, daí onde estou, o ponto de basculamento que você evocou?
Não esteja mais em lugar algum.
Não procure mais marcadores.
Aceite.
Nada há a procurar, não há qualquer lugar melhor do que o outro.
Crer e esperar que um lugar seja melhor coloca-o na perspectiva linear da pessoa e da personalidade.
Você não pode aproximar-se, de modo algum, do que você já é, porque isso já está aí.
Portanto, esse ponto de basculamento não depende de nada além do que de você.
Mas não você numa ação ou num desejo, mas você, na ausência total de ideal, na ausência total de busca.

Trata-se de uma capitulação e de uma rendição total de tudo o que você crê ser, de tudo o que você manifesta.
Isso foi nomeado, por aqueles que intervêm em algumas estruturas, a Crucificação.
Do mesmo modo que não se deve prender-se a uma verdade qualquer, não há ponto de vista ou ponto de basculamento melhor do que outro.
Há apenas a refutar tudo o que você crê ser.
Enquanto há, em você, um apego à sua própria pessoa, forma ou envelope sutil, esse apego prende-o – tão seguramente como uma corda – à pessoa, à personalidade ou ao Si.
Não há qualquer troféu de caça ou de guerra a exibir.
Justamente, é necessário desprender tudo o que está preso, fazer o vazio sem colocar-se questões: uma forma de aceitação do neant, uma forma de aceitação de que nada há e, sobretudo, medalha ou recompensa, e, ainda menos um espírito a conquistar ou a Liberar.

Você deve, portanto, estar Presente, inteiramente e na totalidade, à Vida, sem atividade, sem ação, sem reivindicação.
Apenas colocar-se aí onde você sempre esteve: no não Ser.
Fazer cessar o Eu de uma pessoa, de uma forma, de uma vontade ou de uma medalha.
Nada há a ganhar.
Nada há a conquistar.
O fato de ganhar e de conquistar pertence à personalidade, que quer possuir e ter.

O Absoluto é uma restituição de todos os haveres, de todas as medalhas, de todas as suas vontades, mesmo as mais refinadas ou as mais espirituais, porque, em definitivo, tudo isso representa apenas uma fraude que não tem consistência alguma, nem qualquer substância.

Jogar, Verdadeiramente, é aceitar não mais jogar.
Simplesmente, colocar-se, receber, escutar o que vem então, que jamais partiu.
Assim É o Absoluto.
Fazer o Silêncio (e não, unicamente, exteriormente) de atividades, quaisquer que sejam, de expressões (corporais, visuais, sexuais ou verbais), mas, bem mais, o Silêncio Interior da imobilidade, da não vontade e da não volição, deixando todo o lugar, porque não há lugar definido, deixando todo o espaço, porque não há espaço para o Ilimitado.
Aceite e acolha o que É e não o que você quer.
O Si é, ainda, um desejo, preenchido pela Realização.
O Absoluto é não desejo, pela Liberação.
Nada há a manifestar, nada há a criar e nada a empreender, uma vez que isso É, já.

Questão: além do ponto de basculamento, a consciência de si torna-se a Consciência de ser o Todo ou, efetivamente, a consciência desaparece?
A consciência desaparece, inteiramente.
Os quatro estados da consciência não têm qualquer sentido, nem qualquer legitimidade no Absoluto.
Não pode existir uma solução de continuidade, aí tampouco, entre a consciência e a não consciência.
A consciência é, irremediavelmente, ligada à observação, à projeção (quer essa projeção seja separada ou não separada, ou seja, no ego ou no Si).
A ausência de separação não é o Absoluto, uma vez que o Absoluto não pode ser apreendido, de maneira alguma, pela própria consciência.

O único testemunho que a Consciência pode ter disso é o que lhes foi chamada a Onda de Vida.
Mas, mesmo aí, a um dado momento, deve existir uma forma de tomada de distância disso.
Essa tomada de distância não é uma distância, no sentido afastamento, mas, efetivamente, uma tomada de distância do próprio testemunho em relação ao que é vivido e observado.

A aniquilação da pessoa, da forma, de percepções dessa forma vai inscrever a consciência nesse ponto de basculamento, que desembocará no neant (para a personalidade) e, do ponto de vista não pessoal, no Absoluto.

A Onda de Vida, vivida, então, como experiência (com suas consequências e suas implicações) fará de vocês uma Onda de Vida, que suprime a distância e os põe na distância.
Aí está o Absoluto.
Não podem existir outros testemunhos ou outros marcadores que não esse.
A Onda de Vida percorre-os até o momento em que vocês percorrem a Onda de Vida, o que os faz, irremediavelmente, sair de toda projeção, a tal ponto que vocês experimentam – não por projeção – toda outra forma, toda outra consciência, qualquer que seja, em qualquer reino que seja.
Isso não quer dizer que vocês vão vivê-la permanentemente, mas, efetivamente, que isso faz parte do possível, que demonstra o Verdadeiro e a Verdade do Absoluto.

Passar ao Ilimitado torna-os, efetiva e concretamente, Ilimitados.
E ainda mais Ilimitados e sem limite de qualquer forma, mesmo a sua (na qual vocês estão, de maneira efêmera).
A Onda de Vida, como testemunho e marcador, requer, também, a um dado momento, de sua parte, uma forma de identificação e de renúncia a si mesmos, dando-se a viver a vida, além de qualquer forma e não importa em qual forma, mesmo se seja mais fácil, num primeiro tempo, viver isso com uma forma que lhes foi conhecida ou que lhes é conhecida nesse mundo ou em outros lugares, pondo fim à separação, pondo fim à ignorância, fazendo de vocês um Liberado Vivo.
Esse Liberado Vivo nada terá a reivindicar, ele nada terá a explicar, nada terá a justificar, porque ele É.
Ele terá apenas a testemunhar, sem o querer, sem vontade deliberada, mas porque ele É, e faz parte da Vida.
Ele é o testemunho disso, ele é o mensageiro disso, além de qualquer papel, de qualquer função.

Não temos mais perguntas, agradecemos.

Eu lhes agradeço, portanto, por nossa conversa.
Certamente, até muito em breve, segundo a fórmula consagrada.
______________________________________________
NDR:

Em sua intervenção de 29 de março de 2012, BIDI apresenta suas modalidades de intervenção.
A escuta dessa intervenção, em áudio, está em curso de preparação.

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Compartilhamos estas informações em toda transparência. Obrigado por fazer do mesmo modo. Se você deseja divulgá-las, reproduza a integralidade do texto e cite sua fonte: http://www.autresdimensions.com/.

4 comentários:

  1. O conhecimento é, em definitivo, apenas uma ignorância do que você É <> O verdadeiro conhecimento é independente do conhecido <> Do ponto de vista do Absoluto, o ego, a pessoa, esse próprio mundo, sua própria história não existem <> O Desconhecido, o Final, nada é de conhecido, não é tempo algum, espaço algum <> O Absoluto não é, é claro, qualquer neant, mas ele é, também, o Neant <> Se vocês ficam tranquilos e na paz, se vocês estão além daquele que observa, se estão além do testemunho, além de todo conceito, além de toda percepção, de todo consciente ou inconsciente, se saem de toda referência, de toda projeção, de todo sentido da antecipação, então, vocês deixam o lugar para a Verdade, para o Absoluto <> O Absoluto é uma restituição de todos os haveres, de todas as medalhas, de todas as suas vontades, mesmo as mais refinadas ou as mais espirituais, porque, em definitivo, tudo isso representa apenas uma fraude que não tem consistência alguma, nem qualquer substância <> Jogar, Verdadeiramente, é aceitar não mais jogar. Simplesmente, colocar-se, receber, escutar o que vem então, que jamais partiu. Assim É o Absoluto.

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  2. O Absoluto pode pôr fim às ilusões, mas não à ilusão desse corpo, não sempre, mas isso não tem mais qualquer espécie de importância, porque aquele que é Liberado Vivo não pode mais ser levado para a morte, para qualquer ilusão, para qualquer jogo.
    Tudo isso é transcendido, verificado e verificável, a cada minuto, a cada sopro, quer esse corpo permaneça ou desapareça, a desidentificação é total com o corpo, sem, contudo, que haja um desengajamento desse corpo.

    As relações, o posicionamento em relação ao outro, em relação ao mundo, em relação à sociedade e à moral não serão mais, jamais, as mesmas, porque vocês se tornaram o testemunho vivo do Absoluto e estão descondicionados, mesmo estando presentes em algumas condições.
    Aí está o Verdadeiro.

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  3. "Eu volto a pedir-lhes, fortemente, para escutar e ouvir. Minha companhia não é um diálogo, nem um jogo mental, mas, efetivamente, uma ocasião, para vocês, para deixar, de algum modo, Ser além de seu Si, além de sua presença.
    "Há uma parte de você que é a Totalidade, mas que seu ego não pode reconhecer. Essa parte de você que lhe é desconhecida, nomeada Absoluto ou Final.
    "Lembre-se de que o Ilimitado sempre esteve aí, sempre presente, sempre inscrito além da consciência.
    "Nada há a deslocar, a não ser seu Olhar.
    Não há lugar algum aonde ir, porque você ali está.
    "O Absoluto que não é para encontrar, porque não é você que o procura, mas é ele que o encontra, a partir do instante em que você sai de todo conhecido, de toda referencia e de todo ilusório conhecimento. ...pondo fim à separação, pondo fim à ignorância, fazendo de vocês um << Liberado Vivo >>.
    "Esse Liberado Vivo nada terá a reivindicar, ele nada terá a explicar, nada terá a justificar, porque ele É. E terá apenas a Testemunhar, sem o querer, sem vontade deliberada, mas porque ele É, e faz parte da Vida."

    "Ele é o Testemunho disso.
    Ele é o Mensageiro disso."


    Rendo Graças.

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  4. "Lembre-se de que o Ilimitado sempre esteve aí, sempre presente, sempre inscrito além da consciência.
    Compreenda, efetivamente, que não se trata de rejeitar, como um ato de negação, o que você atravessou em sua história.
    Mas sua história não será, jamais, o que você é no Si e, ainda menos, no Absoluto.

    Mude de olhar. Nada há a combater, porque tudo o que resiste reforça-se.

    Há uma parte de você que é a totalidade, mas que seu ego não pode reconhecer.
    Essa parte de você que lhe é desconhecida, nomeada Absoluto ou Final, não pode aparecer-lhe – porque já está aí – se o aspecto discursivo de seu mental está presente.

    Aceite ser ignorante, aceite não ter necessidade de ser tranquilizado ou de compreender e, aí, você passará, inevitavelmente, da ignorância ao conhecimento real, que não tem necessidade de qualquer aspecto discursivo, que não tem qualquer necessidade de ser tranquilizado nem mesmo compreender.
    Do ponto de vista do Absoluto, o ego, a pessoa, esse próprio mundo, sua própria história não existem.
    E, não tomando, jamais, consciência de sua medida e de seus limites, você continua na prisão e não encontra, jamais, o Absoluto que não é para encontrar, porque não é você que o procura, mas é ele que o encontra, a partir do instante em que você sai de todo conhecido, de toda referência e de todo ilusório conhecimento que é apenas uma farsa. Em definitivo, deixe esse corpo viver, deixe seus pensamentos viver, deixe-os trabalhar.
    Será que você se põe a questão quando come um alimento, de saber se ele vai fazer bem o que ele tem a fazer?
    Não: isso se faz.

    Aja do mesmo modo para o que você considera ter a fazer nessa via.
    Não se implique, mas faça-o.
    Olhe-se agir e, depois, coloque-se a questão de quem olha.
    Será que você é esse corpo que absorve um alimento?
    Você é esse mental que se põe a questão do efeito do alimento?
    Ou você É outra coisa?

    Torne-se, portanto, a Vida, e o Absoluto aparecer-lhe-á, porque ele sempre esteve. A partir do instante em que algo lhes apareça como conhecido, não pode ser Absoluto.

    Jogar, Verdadeiramente, é aceitar não mais jogar.

    Noemia

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