Áudio da Mensagem em Português
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(GRAVAÇÃO
REALIZADA A PARTIR DO TEXTO ORIGINAL FRANCÊS, SUJEITA, PORTANTO, A CORREÇÕES
QUANDO DA TRANSCRIÇÃO).
Bem,
BIDI está com vocês.
Eu
os saúdo e vamos trocar.
Então
eu os escuto.
Questão: como efetuar
uma refutação eficaz sem que o ego encontre estratégias para evitar a instauração
da mudança de ponto de vista que isso possa implicar?
O
princípio da refutação consiste simplesmente em refutar, como eu disse, o que é
efêmero.
Dirija-se
ao seu ego e pergunte-lhe como ele pode ser capaz de manter-se além do Efêmero.
Qual
é a persistência dele para além do que é chamada a morte?
O
que resta dele?
Fazê-lo
capitular não é renegá-lo.
O
princípio da refutação, nesse caso, aplica-se exclusivamente à noção de
Efêmero. Qualquer que seja o ego, qualquer que seja sua potência, qualquer que
seja o saco de alimento, qualquer que seja o mental, ele desaparecerá, a um
dado momento.
Ver
claramente e ver isso é um grande passo para a Libertação.
O
ego apenas mantém-se pelo princípio de uma crença, que é a persistência dele para
além do desaparecimento do saco mental e do saco de alimento.
Assim
que isso é aceito pela consciência, o ego não pode, e cada vez menos,
interferir no caminho da própria consciência, para conduzir à a-consciência.
Assim,
portanto, fazer aceitar ao ego seu princípio de não permanência é um passo
essencial.
Isto
não deveria colocar problema.
Basta,
simplesmente, rememorar-se, assim como aponta o fim de seu nariz, que ele é
efêmero.
A
aceitação do efêmero do ego é, pela própria essência, o caminho real que
permite desmascarar o que é Eterno.
O
ego não pode desaparecer enquanto os sacos estão aí.
É,
simplesmente, essa mudança de olhar e de ponto de vista, que nada tem a ver com
uma compreensão ou uma aceitação intelectual, mas, efetiva e realmente, o que
isso quer dizer.
Isso
depende de onde você se coloca.
Você
se coloca no ego?
Lembre-se
de que a característica essencial do ego é esse lado efêmero que se crê Eterno.
A
partir do momento em que a refutação vai pôr o dedo e a consciência nessa noção
e nesse princípio de efêmero, então, isso deixa lugar, inteiramente, ao que você
É.
Toda
identificação a um efêmero, qualquer que seja (seja em uma relação, em uma profissão,
em uma interação social), é efêmero.
Fazer
aceitar isso não é nem uma imposição nem uma negação, mas participa,
efetivamente, do princípio da refutação.
O
que há a refutar (e, sobretudo, hoje) é o que é efêmero porque, como lhes dizem
os Anciões, as Estrelas, os Arcanjos, o que é efêmero sempre tem um fim.
O
que é efêmero?
É
o mundo, que é apenas uma projeção, uma excrescência do mental.
Ele
existe, por princípio, apenas pela presença da interação entre as próprias ilusões.
Atualizar
isso é já extrair-se a si mesmo, do princípio de adesão a um efêmero.
Não
mais aderir ao efêmero, não é rejeitá-lo: nada há a rejeitar.
A
refutação não é uma rejeição, mas uma compreensão – real, total, inevitável – da
diferença entre o efêmero e o Eterno.
Questão: A etapa após a
refutação é o esquecimento de Si?
Esquecer-se
de si mesmo, é o melhor modo de mudar de ponto de vista.
Eu
o lembro de que toda a pessoa, sobre esta Terra, é efêmera.
Quando
ela desaparece, estritamente nada resta, a não ser suas obras (inscritas em uma
memória, em uma história), mas que não concernem, de modo algum, à consciência.
Mesmo
o maior dos compositores de música não existe mais.
O
que existe é o que é nomeada sua obra, porque ela é retomada como um elemento
de memória para todos aqueles que dela se servem.
Mas
essa memória jamais é viva.
Do
mesmo modo, quando eu pronunciei essas palavras «esquecer-se», é realmente esquecer-se.
Enquanto
nos mecanismos de sua vida, você é identificado a si mesmo, você não pode ser Absoluto.
Toda
identificação é uma trapaça criada pela excrescência nomeada mental.
Excrescência
que cada um mantém e que é nomeado o mundo, com um objetivo de melhoria.
E,
como vocês veem, não pode existir melhoria de qualquer Ilusão, porque a ilusão
automantém-se, devido mesmo à trapaça, ou seja, crer-se permanente.
O
que pode representar, para aquele que morre, a persistência de uma obra, qualquer
que seja?
É
a manutenção da memória, a manutenção das obras, que mantém a própria ilusão.
Esquecer-se
de si mesmo, é não ser joguete e não mais ser joguete de qualquer jogo, de
qualquer interação.
Eu
repito, isso não quer dizer pôr-se em uma caverna ou pôr fim a esse saco.
É
simplesmente deixar esse saco agir como tal, mudando de olhar: vê-lo agir, aí
está o verdadeiro desapego.
Desapego
mesmo em relação a uma obra, porque qualquer que seja a obra, se há esse
desapego, ou há ego e há desinteresse, ou não há ego e a obra criar-se-á de
qualquer modo (pelo gênio ou pelo dom, qualquer que seja).
É
a implicação na ilusão, de apropriar-se da obra como continuidade de uma
personalidade, que mantém os laços.
Vocês
devem, como foi dito, estar desapegados do próprio fruto de suas ações.
Isso
não quer dizer não mais agir, mas estar lúcido nessa ação.
Esquecer-se
é não mais colocar-se no interior da excrescência e do saco.
Contudo,
a excrescência e o saco não desaparecerão, mas é a consciência, em um primeiro tempo,
que passa do limitado à Infinita Presença, que permite – mais facilmente, eu
diria – o estado de Absoluto: Parabrahman.
Enquanto
vocês estão apegados a uma noção de posse, a uma noção de predação, como dizia
o Comandante, vocês não podem ser Livres.
Como
foi dito, aquilo a que vocês se têm, tem a vocês, qualquer que seja aquilo a
que vocês se têm.
Isto
faz apenas ilustrar o princípio da lei de Atração e de Ressonância.
Como
vocês podem ser Livres tendo-se ao que quer que seja?
Isso
não quer dizer tudo dar.
Isso
não quer dizer desembaraçar-se de tudo ao que vocês se têm, mas, efetivamente,
não mais ali ter-se.
Será
que quando vocês não se têm mais a uma pessoa, um objeto, uma posse, será que isso
desaparece?
Obviamente
que não.
Mas
o resultado é estritamente ao oposto entre o fato de ter-se a algo e de não
mais ali ter-se.
Não
lhes é pedido, no princípio da refutação ou do esquecimento, para fazer
desaparecer tudo o que está sob seus olhos, mas, efetivamente, estar lúcido do
que os tem, e que de fato, vocês creem ter.
Aí
está a grande diferença.
O
ego vai crer que é preciso mudar de profissão, abandonar toda atividade.
Jamais
foi dito isso.
Isso
é o ego que os faz crer.
Vocês
devem estar desapegados do fruto de suas ações, quaisquer que sejam, porque eu os
lembro de que há o que foi nomeado uma Inteligência da Luz.
Portando
uma Intenção e uma Atenção, se vocês estão Abandonados à Luz, se vocês
Abandonam o Si, a simples Intenção permite a concretização.
Mas
vocês não são mais afetados, nem no bem, nem no mal, pelo resultado de sua ação.
Esta
tomada da distância é o resultado da refutação ou do esquecimento de Si.
Enquanto vocês se têm ao que quer que seja, concernente à sua identidade que é
efêmera, vocês se enganam.
Enquanto
vocês creem que estão em um caminho, vocês se enganam a si mesmos.
Crer
que há um caminho é, já, pôr uma distância, é inscrever um objetivo no efêmero
de sua vida.
O
que vocês São não tem necessidade de objetivo, não tem necessidade de caminho,
mas tem, simplesmente, necessidade de ser reconhecido.
Aí
está a refutação.
Jamais
lhes foi pedido – exceto por seu ego – para abandonar quem quer que fosse ou o
que quer que fosse, mais que não vocês mesmos.
É
isso que permite a Infinita Presença e desembaraçar-se de tudo o que é ilusório
e efêmero, como elemento que os mantêm na ilusão.
É
o ego que vai fazê-los crer que vocês não podem mais ter-se a um objeto ou a uma
pessoa, e que cria o sentimento da falta ou o medo da falta.
Quando
vocês são o que vocês São, isso não pode mesmo aflorar-lhes, nem mesmo tocá-los.
Aí
está o real desapego e não naquele que irá fechar-se em uma caverna.
Ele
estará ainda mais apegado do que os outros: à sua caverna.
É
um erro.
Questão: Poderia dar
indicações práticas para viver o esquecimento de Si?
O
esquecimento de Si é não mais ver as coisas de maneira projetiva.
Nada
mais possuir permite tudo possuir e ser tudo.
Enquanto
há, como eu disse, uma projeção, uma apropriação do que quer que seja, vocês
não são Livres, porque toda apropriação, mesmo a mais agradável, remete-os, necessariamente, ao efêmero.
Enquanto
vocês creem que há um caminho, enquanto creem que há um corpo, enquanto creem
que há chacras, enquanto creem que há um Kundalini,
vocês não superaram o efêmero.
Como
eu disse, o que se torna seu Kundalini quando
esse corpo não existir mais?
O
que se tornam os seus chacras quando vocês morrem?
Como
podem vocês reivindicar uma Liberação qualquer, em relação à abertura do que
quer que seja, uma vez que vocês estão além do fechamento e da abertura?
É
o ponto de vista que é preciso mudar.
Sair
de si mesmo não é recusar a vida, mas é compreender e apreender o sentido do
efêmero.
Quando
a consciência desaparece, quando esse corpo desaparece, quando esse saco mental
desaparece, será que vocês desaparecem?
A
questão principal está aí.
O
que é que desaparece e o que é que resta?
Coloquem-se
a questão.
Uma
coisa é certa, é que quando vocês dormem ou quando morrem, o mundo desaparece,
totalmente, para vocês.
Aí
se situa a verdadeira aproximação da refutação e do esquecimento.
Tudo
ao que vocês se têm, mais cedo ou mais tarde, tê-los-á.
É
inevitável, devido mesmo à lei da Atenção e da Intenção.
Porque
aquilo ao que vocês se têm procede de uma marca.
Essa
marca de posse ou de apropriação foi nomeada linha de predação.
Enquanto
a mínima linha de predação existe, vocês não podem ser Livres.
É
uma ilusão e uma trapaça.
O
único modo de ser Livre é estar desapegado.
Mas
desapegado não quer dizer renegar ou fechar-se em lugar algum: é ver claramente
as coisas.
E
isso se junta à refutação de tudo o que é efêmero.
Esse
corpo é efêmero, essa pessoa é efêmera.
O
que vocês São é Eterno.
Vocês
devem, portanto, distanciar-se do que é efêmero.
Isso
volta a perguntar-se: quem comanda em vocês?
Quem
dirige em vocês?
Quando
vocês compram um veículo, ele lhes pertence, mas jamais viria ao Espírito
identificar-se a esse veículo.
É
preciso agir do mesmo modo com tudo o que vocês creem possuir, e isso, em todos
os níveis.
Mas
jamais lhes foi pedido para deixar marido e mulher, ou filho: é uma inépcia, é
um absurdo.
O
apego resulta diretamente do efêmero.
Questão: Qual é a
relação entre Atenção/Intenção e Atração/Ressonância?
A
Intenção precede a ação.
Quando
vocês agem, nesse saco, vocês definem uma Intenção.
O
problema é que vocês se identificam a essa intenção: casar-se com tal pessoa, ter
sucesso em tal atividade, tal profissão ou tal relação.
A
Atenção é isso para o que vocês se dirigem, em consciência, para levar a efeito
uma Intenção e uma Ação.
Daí
decorre a Atração e a Ressonância.
Mas
a Atração e a Ressonância podem ser oriundas, justamente, da Atenção e da
Intenção, mas vão depender também da qualidade de sua Atenção e de sua Intenção.
Abandonando-se
à Luz, Abandonando o Si, é preciso definir uma Atenção e uma Intenção, não mais
sentir-se concernido e deixar trabalhar a própria Vida.
A
Vida agirá sempre melhor do que o ego: é uma característica fundamental.
A
Atração e a Ressonância vão manifestar, na ilusão, aquilo a que se opuseram ou ao
que vocês projetaram uma Intenção e uma Atenção.
Mas,
em definitivo, qualquer que seja o tipo de resultado (quer ele preencha suas
expectativas ou esteja ao oposto de suas expectativas), vocês não devem ser
concernidos nem por um nem pelo outro.
Enquanto
vocês se sentem concernidos, vocês se colocam, irremediavelmente, do lado do
efêmero.
O
Observador não é, absolutamente, concernido pela direção de um resultado.
Ele
grava simplesmente, como a câmera, o que se desenrola.
Será
que o funcionamento da câmera é afetado pelo cenário?
Felizmente
não.
E
vocês, como Observadores, se são afetados pelo resultado, vocês não são Livres.
A
câmera filma, sem perguntar-lhes sua opinião.
O
Observador olha.
Colocar-se
ao nível do Observador é, já, sair da Ação/Reação, da Dualidade e não mais
estar submisso ao que quer que seja da relação a esse mundo.
Não
há outro modo de ver a Ilusão desse mundo.
Existe
um momento observável, no qual o próprio Observador – ou a câmera – desaparece.
O
que acontece naquele momento?
Nada
mais é gravado.
Não
há mais o mundo, não há mais o Observador: há o Absoluto.
Enquanto
vocês persistem na observação, enquanto persistirem na Ação/Reação, vocês não
podem ser Livres.
As
leis da Ação/Reação, as leis do Observador e do Absoluto nada têm a ver um com
o outro, mesmo se o Absoluto compreenda tanto o Observador como a cena de
teatro.
Todo
apego a um Eu, a uma observação, a um resultado, coloca-os na distância do que
vocês São.
É
o ego que crê, sempre, que há um objetivo a atingir, um caminho a percorrer.
Enquanto não vocês não veem isso claramente, vocês não podem ser Livres.
Pode
dizer-se que vocês não podem reivindicar a Liberdade e conduzir-se como seres
que impedem a Liberdade.
Em
resumo, a sede de Liberdade e de Liberação afasta a Liberação, porque essa própria
sede põe uma distância que não existe, exceto para o ego.
É
um estratagema do ego ou do Si.
Questão: Qual é a
diferença entre Infinita Presença, Última Presença e Absoluto?
A
Infinita Presença e a Última Presença são o que pode ser chamado, do ponto de
vista da Unidade, do Si, como um momento de um basculamento, no qual a consciência
prepara-se para diluir-se e para desaparecer, ela mesma.
O
Absoluto desidentifica-os de um corpo, de um mental, de uma identidade, de um
mundo.
Eu
os lembro de que nada pode ser dito do que vocês São, porque dizê-lo é já sair
daí.
Aquele
que vive Absoluto, sabe-o instantaneamente, porque ele não é mais identificado
ao que quer que seja, nem a esse mundo, nem a um corpo, nem a um saco mental.
Mas
esse Absoluto com forma sabe que esse corpo deve viver e efetuar sua experiência,
mas ele não é afetado, de maneira alguma, pelo que quer que seja.
Ele
é realmente Livre, o que quer que aconteça a esse saco, o que quer que aconteça
a esse mundo.
Se
vocês são afetados pelo que acontece a esse corpo, a esse mental, a essa
identidade ou a esse mundo, vocês não são Livres.
Quando
vocês são Livres, vocês sabem instantaneamente, porque reencontram sua natureza, Real e Eterna.
Enquanto
vocês se põem a questão, é que vocês ali não estão, porque a Liberdade não pode
ser possuída, de maneira alguma.
É
algo que já está aí, que jamais se moveu e que não se moverá jamais.
São
vocês que se afastaram dela.
Pouco
importam as razões, porque mesmo encontrar a razão, nada resolve.
Explicar
como funciona um órgão, nada resolve, mesmo se se possa ali aportar uma solução
ou uma terapia.
Isso
continuará da ordem do Efêmero porque esse órgão desaparecerá, ele também, no
momento em que esse corpo desaparecer.
Esse
saco de alimento nutrirá a Terra, o que quer que vocês pensem.
Questão: Poderia
redefinir o que é a Última Presença e a Infinita Presença?
Mas
eu acabo de fazê-lo: é o momento em que a consciência sente seu próprio
desaparecimento.
É
o momento em que a consciência do Si – dita realizada – bascula.
Se
posso exprimir-me assim, é o momento em que o espectador que olha a cena de
teatro, apercebe-se de que ele pode levantar-se de seu lugar, sair do teatro e
ver que ele sempre esteve ali.
Isso
não é uma definição, é uma localização.
Enquanto
você é tributário de definições, você se afasta.
Nenhum
conceito mental, nenhuma explicação – científica, religiosa, mística – pode dar
conta do que você É.
É
tudo isso que, justamente, convém soltar.
Querer
apropriar-se do que você É, é impossível.
Querer
compreender o que você É, é ainda mais impossível.
Só
aquele que é Absoluto, vive isso.
Não
pode existir qualquer dúvida para aquele que é Absoluto, porque ele sabe que ele
É, que ele existe, para além de qualquer corpo, de qualquer conceito, de qualquer
mundo, de qualquer forma, de qualquer Dimensão.
Enquanto
há uma vontade de compreensão ou de posse ou de explicação, você permanece na
limitação.
É
justamente o momento em que você decide abandonar todos os conceitos, todas as
identificações, todas as concepções e todas as projeções, que você pode
realmente sair do teatro.
Enquanto
você está no teatro, não terá qualquer resposta, tanto para o espectador (ou Observador),
como para aquele que crê desempenhar um papel.
O
Absoluto é a-consciência.
É
por isso que eu tomei o melhor exemplo: é o momento em que há sono sem sonho.
Onde você está naquele momento?
Quem
é você naquele momento?
Quem
pode responder a isso?
Enquanto
existe uma pessoa é impossível responder.
É
preciso soltar tudo e, eu repito, não se enganem sobre o sentido da palavra «soltar».
Trata-se
simplesmente de soltar tudo aquilo a que você se têm.
E
sair de toda identidade, de toda identificação, de todo papel, de toda função,
de toda questão.
Nada
se pode dizer sobre o Absoluto, mas aquele que vive o Absoluto não é mais
condicionado, nem pelo mundo, nem por uma forma, ele compreendeu a fraude, não
como explicação, mas ele concebe e vive o fato de que, mesmo a consciência do
Si, é uma trapaça.
Mas,
para isso, é preciso mudar de ponto de vista, mudar de olhar, esquecer-se de
toda definição de Si ou do mundo.
Em
outras terminologias, poder-se-ia chamar isso a Renúncia, mas não a Renúncia
para ser fechado ou para ser justamente nunca mais fechado no que quer que
seja.
Ora,
enquanto existi uma forma, uma Dimensão, um sol, um planeta: há uma forma.
Vocês não podem, nem com o ego, nem com o Si, apreender isso.
No
máximo, o Si percebe a ilusão temporal, mas não resolve, de modo algum, a
ilusão espacial.
O
Absoluto não está nem no espaço, nem no tempo, nem mesmo localizado.
Questão: É agradável
ser Absoluto?
Esse
gênero de questão não tem lugar de ser.
Para
aquele que é Absoluto, mesmo em uma forma, a palavra «agradável» nada representa.
Tudo
o que sai de um tempo, tudo o que sai de uma forma e de um espaço, vive o que
foi nomeado, pelas Estrelas: Shantinilaya.
É
bem mais do que agradável ou desagradável: é a Verdade, a única.
A
noção de agradável remete a uma emoção do corpo de desejo.
Nenhum
qualificativo pode mesmo tentar aproximar-se de Parabrahman, mesmo com uma forma.
Mesmo
a expressão Shantinilaya, com a
palavra Morada, é, para vocês, muito limitadora, porque não há Morada, nem onde
morar.
Mas
a expressão é certamente aquela que é a mais próxima dessa Verdade.
Eu
havia nomeado isso, quanto a mim, os Pés do Senhor.
Mas,
aí também, não há pés, nem Senhor.
É
uma metáfora.
Porque
enquanto uma forma existe, é preciso efetivamente que essa forma possa – pela
via metafórica, imaginada, figurada, de algum modo – tentar traduzir o que é Parabrahman, de que nada pode ser dito.
Mas,
eu repito, aquele que ali está sabe, porque vocês reencontram sua natureza
Real, não antes.
Mesmo
o Si (se posso exprimir-me assim), em relação ao Absoluto, é uma trapaça.
É
uma autocontemplação, uma autossatisfação, que não tem qualquer sentido, saído
do efêmero.
O
que se torna a Realização quando a pessoa não está mais aí?
O
que resta?
Nada,
absolutamente, exceto a história ou a memória, que será, em seguida,
transformada, é claro.
O
Absoluto não é nem agradável, nem desagradável: é a essência da Verdade.
Questão: Entre a
consciência na personalidade e a a-consciência no Absoluto, o que é contínuo e
o que é descontínuo?
Mas
a consciência da personalidade é descontínua.
A
única coisa contínua é o que jamais se moveu: é o centro de todo centro,
presente em todo ponto.
Só
o movimento é existência, projeção, exteriorização, tomada de forma, qualquer
que seja a Dimensão.
O
Absoluto não se importa com tudo isso.
Ele
não depende de qualquer tempo, de qualquer espaço, de qualquer Dimensão, de
qualquer forma, de qualquer apropriação, de nada do que pode ser conhecido.
Vocês
não podem apreender-se do que vocês São.
Vocês
não podem imaginá-lo no fim de um caminho, porque não há caminho, não há
estrada.
Há
o que É, antes que essa excrescência, esse saco de alimento, esse saco mental
aparecesse: é o que você É.
Todo
o resto é descontínuo, efêmero, ilusório, enganador.
Não
existe, para o Absoluto, qualquer representação possível, porque toda
representação – qualquer que seja o suporte dela – é ilusória.
Como
eu disse: tente reencontrar o que você Era antes mesmo que o sentido do «eu» aparecesse, antes dos três anos.
Naquele
momento, isso não será uma lembrança, nem uma reminiscência, mas a Verdade.
Não
se esqueça de que todo conhecimento nesse mundo é ilusório.
Como
eu disse: todo conhecimento é autossatisfação, ignorância.
O
único verdadeiro conhecimento consiste em reconhecer que o conhecimento, tal
como vocês o chamam, é apenas uma ignorância, porque aquele que é o Jnani sabe,
pertinentemente, o que ele É e ele vê o jogo ilusório de todos os sistemas de
conhecimentos – científicos, morais, sociais, psicológicos – nos mecanismos
íntimos desse saco, como desse saco chamado Universo.
É
uma ilusão.
Vocês
não podem compreender isso, vocês não podem apreender.
O
único modo é a refutação: extrair-se de todas as ilusões, sem rejeitar.
Refutar
não é renegar.
Refutar
é ver além do que os olhos dão a ver, além do que o mental compreende, além do
que a própria consciência pode viver.
Enquanto
vocês jogam o jogo da consciência, vocês não podem ser a-conscientes.
A
consciência é uma projeção.
A
consciência – disseram-lhes – é uma Vibração.
O
Absoluto não é qualquer Vibração, assim como ele não é qualquer consciência.
É
Parabrahman, é anterior à criação
desse mundo, como desse corpo, como de toda Vida.
Aí
está a verdadeira Vida.
Aquele
que sabe e descobre que ele jamais se moveu, que ele sempre esteve aí; para
isso, é claro, é preciso sair de todo efêmero, no sentido de «sair» que é extrair-se de
todas as ilusões.
Mas
toda vontade de ação contra a ilusão mantém a ilusão.
É
por isso que não pode haver qualquer caminho.
A
própria concepção de um caminho é uma ilusão.
Será
que vocês colocam a questão, quando dormem, do que vocês São?
Será
que resta algo ao nível do efêmero, desse sono sem sonho?
Mesmo
aquele que é Turiya mantém a ilusão,
mesmo no Samadhi, porque ele recusa apagar-se:
ele quer manter uma perenidade no que é ilusório.
É
impossível.
Apenas
reencontrar o que você jamais deixou, o que você É, para além de toda forma e
de todo mundo, libera-o.
Todo
o resto confina-o em níveis, como se pode dizê-lo, mais ou menos agradáveis.
Questão: Por que o
Absoluto permitiu todas essas experiências mais penosas?
Mas
ele nada permitiu.
Ele
É, de toda Eternidade.
Toda
experiência, mesmo penosa, é efêmera.
São
os mecanismos da própria consciência que criam a exteriorização, a projeção, a
ilusão.
Enquanto
você crê que é penoso, você ali está submissa.
O
Absoluto não é concernido nem pelo penoso, nem pelo leve.
Ele
contém tudo, ele suporta tudo, mas ele não é concernido.
É
a consciência que é concernida.
Questão: Qual é a
natureza da Consciência em relação ao Absoluto?
Mas
eu acabo de dizê-lo: é uma projeção, em uma forma ou em um espaço, em um tempo
ou em uma Dimensão.
É
uma experiência.
Mas
o Absoluto não se importa com a experiência: ele jamais se moveu.
Você
não pode definir o Absoluto, nem mesmo tentar defini-lo em relação à
consciência.
Enquanto
há consciência, há ilusão.
O
Absoluto não se apropria, e eu posso mesmo dizer que ele não se descobre, uma
vez que ele sempre esteve aí.
É
você que se afastou dele.
Enquanto
há consciência – limitada ou ilimitada – há identidade, há projeção, há agradável
e desagradável, há experiência, há tempo, há espaço, há Dimensão.
Mas,
o Absoluto não é concernido por isso.
Enquanto
você crê ser uma identidade em uma pessoa, você está apegada a esse corpo, você
está apegada a essa consciência.
Aquele
que é Absoluto é Liberado de todas as suas crenças, de todas as suas
experiências, de todas as suas ilusões, as dele como aquelas dos outros.
O
Absoluto não é nem uma criação, nem uma re-criação, nem uma des-criação.
Ele
não é concernido pelo movimento, nem pelo tempo, nem pelo espaço, nem pela
consciência.
Ser
Absoluto em uma forma, é o momento no qual não existe mais percepção, mais concepção,
mais qualquer sentido da mínima identidade, nem da mínima palavra.
Aquele
que o vive, sabe disso.
Em
momento algum ele pode duvidar disso.
Porque
ele reencontrou o que jamais perdeu e o que ele sempre foi.
Só
a consciência brinca de querer compreender ou de querer viver algo.
Enquanto
existe essa vontade de viver algo, há uma distância que é colocada, também
ilusória, mas que é vivida como real pela consciência; quer ela seja dividida
ou Unificada.
É
preciso fazer cessar todo «eu», toda identidade, toda experiência.
Não
interrompendo, porque se você interrompe – por uma vontade qualquer – a experiência,
você a reforça, em outro tempo, em outra forma.
Questão: Se a
consciência é projeção, ela é uma projeção do Absoluto?
Mas
o Absoluto não pode projetar-se, uma vez que é Absoluto.
Questão: De que a
consciência é, então, a projeção?
Dela
mesma.
Da
Fonte.
Da
Unidade.
O
Absoluto não é concernido por qualquer consciência.
Só
aquele que ali está sabe disso.
Porque
não há mais qualquer dúvida, não há mais qualquer questão, qualquer interrogação.
Ele
não é mais localizado a uma consciência, a um corpo, a um mundo, a uma
Dimensão, a um estado ou ao que quer que seja.
O
problema é que a consciência – qualquer que seja, separada e dividida, como
Unificada – definir-se-á, sempre, em relação a ela mesma, em relação a uma
percepção, em relação a uma concepção, em relação a uma vivência.
O
Absoluto não é concernido por isso.
Só
aquele que se extrai de toda manifestação, de toda consciência, de toda projeção,
de toda identidade, de todo mundo, de todo tempo, de todo espaço (em suma, de
tudo o que pode ser reconhecido ou conhecido), é Absoluto.
Mas,
enquanto você permanece na consciência, a sua, qualquer que seja (Unificada ou
dividida), o Absoluto permanece-lhe inacessível.
E,
no entanto, é o que você É.
Questão: que são a
Fonte e a Unidade em relação ao Absoluto?
O
Absoluto contém – se posso exprimir-me assim – a Fonte e a Unidade.
Mas
a Unidade e a Fonte não são o Absoluto.
Eles
são uma emanação dele, uma conscientização, uma localização, no espaço, nas
Dimensões.
Mas
o Absoluto não é um espaço, nem um tempo, nem uma Dimensão.
Você
não pode apropriar-se dele, nem em conceito, nem em percepção, nem em Vibração.
É,
justamente, quando tudo isso cessa que você É Absoluto.
Questão: Em que o
Absoluto teria «necessidade» de emanar?
Mas
o Absoluto não tem necessidade de nada, uma vez que ele É, de toda Eternidade!
Ele
sustenta a emanação, ele mesmo.
Ele
não é a Fonte, ele não é a Unidade, mas ele o permite, pelo que ele É (não por
uma ação).
Enquanto
há ação, há tempo, espaço, Dimensão, identidade.
Mas
nada de tudo isso é Absoluto.
Você
não pode compreender o Absoluto.
É
a partir do instante que você aceita que nada há a compreender, nada há a
apreender, nada a experimentar, nada a conscientizar-se, que você É Liberado.
Questão: Como o
Absoluto pode aparecer ou revelar-se a um momento mais do que em outro, sabendo
que o tempo não existe para ele?
Mas
o Absoluto não tem que aparecer, uma vez que ele sempre esteve aí.
Como
é que ele poderia aparecer?
Nem
revelar-se.
É
sua consciência que está afastada dele ou que se crê afastada. Eu repito, o
Absoluto não é uma experiência, não é nem um tempo, nem um espaço, nem um estado.
Aquele
que é Absoluto sabe disso.
Porque
toda projeção, toda consciência, toda identidade, todo tempo, todo espaço,
desaparece, porque efêmero.
É
o momento em que não há mais qualquer percepção.
Este
momento não é um momento porque, vivendo-o, você se apercebe que isso sempre
esteve aí.
Como
poderia ser de outro modo?
Não
há um momento no qual algo se desvenda, no qual algo aparece.
É
um ponto de vista exterior.
Esta
a-consciência desvenda-se a você no momento em que toda consciência cessa, toda
identidade cessa, toda forma cessa, o mundo cessa: o que a personalidade
chamaria o neant.
O
que a consciência da Unidade, ou o Ser Realizado não pode ver, porque ele banha
na Luz.
Mas
banhar na Luz não é Ser a Luz.
É
ainda uma tomada de forma, é ainda uma identidade.
Esse
estado além de todo estado, Parabrahman,
Absoluto, Liberado Vivo, está presente de toda Eternidade; não se importa com a
Fonte, com uma Dimensão, com uma forma, com um corpo ou com uma consciência.
É
o que voce É.
Mas
você não pode apropriar-se do que você É.
Você
não pode ver o que você É.
Você
não pode compreender o que você É.
Eu
repito que não há outro modo de ali chegar que não a refutação, o Abandono do
Si, o que eu nomeei «esquecer-se de si mesmo».
Você
não pode estar localizado ou identificado, e Ser Absoluto.
E,
no entanto, é o que você É, de toda Eternidade, de todo tempo, de todo espaço,
de toda Dimensão, para além de todo corpo.
Aquele
que é Absoluto não o vive como experiência ou como estado.
Ele
o vive como a única Verdade, bem além de sua pessoa, bem além desse mundo, bem
além de sua própria consciência.
Questão: A refutação
seria aceitar o inaceitável para bascular alhures imediatamente?
Mas
não há alhures: é uma ilusão da própria consciência, do ego que tem medo.
Porque o ego vai chamar a isso o neant.
Ele
vai chamar o Absoluto: absurdo.
Porque
a consciência apenas pode definir-se através de uma projeção, de uma
identidade, de uma Dimensão, de coordenadas precisas.
Não
há alhures.
Vocês
não podem, de maneira alguma, representar o Absoluto.
Enquanto
existe uma vontade de representação, de comparação, de identidade ou de identificação,
vocês se enganam a si mesmos.
Lembrem-se:
o que se torna esse saco de alimento quando ele desaparece?
O
que se tornam seus pensamentos quando o saco mental desaparece?
Vocês
sabem?
Vocês
não podem saber e, no entanto está aí.
Isso
sempre esteve aí, independentemente desse saco, independentemente desse mundo,
independentemente desse universo.
Questão: Os Anciões,
as Estrelas, os Arcanjos têm, no entanto, uma identidade?
Não
há qualquer identidade.
Há
elementos efêmeros, arranjados por uma razão precisa, quer eles se chamem
Anciões, Estrelas ou Arcanjos.
Nomear
é, já, não mais ser Absoluto.
Há
a identidade, mas vocês não estão limitados por uma identidade.
Quando
os Arcanjos dizem que eles estão em vocês, eles estão.
Onde
é o lugar, em você, onde estão os Arcanjos?
Enquanto
você está em uma consciência projetada, você não pode vê-lo.
Um
Arcanjo, um Ancião não é tributário de uma forma, nem de um tempo, nem de um
espaço, nem de uma localização.
É
sua Consciência limitada que se imagina que é assim, no ilimitado.
Porque
sua consciência, na personalidade, necessita da presença de uma forma, de um
tempo, de um espaço e de uma Dimensão.
Vocês
nada são de tudo isso.
No
Absoluto você pode ser toda forma, toda Dimensão, todo espaço, todo tempo, toda
representação, toda projeção, sem, no entanto, ser nenhuma.
Nenhuma
consciência pode apreender isso.
Á
justamente o obstáculo, que é a consciência.
Uma
vez que a consciência apenas pode funcionar através de uma distanciação e de
uma separação (entre um Arcanjo, um Ancião, uma Estrela, um corpo, um gato, um
cachorro), vocês estão submissos à ilusão da forma.
Mas,
se você remonta de próximo em próximo, a matéria (como vocês dizem) que
constitui um cão, é a mesma que aquela que constitui um homem, um átomo, um
universo.
É
apenas um aspecto de forma, é apenas uma consciência diferente.
Mas
nada de tudo isso é Absoluto e É, no entanto, Absoluto.
Enquanto
há dependência, enquanto vocês são tributários de uma definição, de uma forma,
de uma consciência, vocês não são Livres.
Questão: Poderia
desenvolver sobre o princípio da investigação?
A
investigação consiste em ver claramente o que é ilusório, o que é efêmero, o
que é atribuído a uma forma, a um pensamento, a uma ideia, a um mundo.
É
destinado a mostrar tudo o que é efêmero.
Tudo
o que cai sob os sentidos, tudo o que cai sob uma compreensão, é efêmero.
Não
há questão «quem sou eu?»,
uma vez que vocês são o Absoluto.
Colocar
a questão do «quem sou eu?»
é já uma exteriorização.
O
«Eu Sou» é, certamente, uma
primeira etapa.
O
«Eu Sou Um» é uma vivência da
Unidade da consciência.
Mas,
são apenas etapas.
Mas
essas etapas não são lineares, nem hierárquicas, nem valorizadas.
Não
é preciso conceber o Absoluto como uma finalidade.
Não
pode haver finalidade ali.
É
o que vocês São, de toda Eternidade.
Mas,
eu repito, enquanto não há Abandono do Si – esse famoso inaceitável – vocês não
podem reencontrar, realmente, o que vocês São.
E,
eu repito, o termo «reencontrar»
nada quer dizer, uma vez que isso não tem que ser encontrado.
É
todo o resto que deve ser refutado, como efêmero, ilusório, tributário de um
elemento ou de outro, de um tempo ou de um espaço, de uma forma ou de outra
forma.
O
problema da consciência é que ela funciona, mesmo na Unidade, como uma forma de
distância.
A
Unidade põe fim ao distanciamento, mas não põe fim à forma e à distinção de
formas.
Aquele
que está na Unidade, no Si, pode Fusionar com o Sol, com um Arcanjo, tornar-se
esse Arcanjo: mas há, ainda, uma forma.
O
Absoluto não se importa com todos esses jogos.
É
o Centro, presente em todo ponto.
Mas,
eu repito, vocês não podem apreendê-lo, de maneira alguma.
Em
contrapartida, vocês podem claramente ver, compreender e apreender tudo o que é
efêmero.
Aí
está a refutação, aí está a mudança de ponto de vista, de olhar.
Não
antes.
Questão: O Absoluto
seria também o fim das palavras?
Mas
a palavra existe apenas nessa Dimensão na qual vocês estão.
Nas
Dimensões que vocês nomeiam Unificadas não há palavra: há Radiação e Vibração.
A
palavra é uma compartimentação, uma projeção, um conceito adaptado a um
determinado mundo, do mesmo modo que o olho é adaptado a esse mundo.
Mas,
a partir do momento em que vocês veem além da Ilusão, para que serve o olho,
exceto nesse mundo?
Será
que vocês creem ter olhos quando estão mortos?
Um
cérebro?
Uma
bomba cardíaca?
Deem-se
conta da estupidez.
Vocês
projetam quadros de referência a partir de onde vocês estão.
Isto
é estupidez, porque vocês partem do princípio de que o que vocês experimentam o
que vivem, continuará alhures.
Aí
está a Ilusão.
Quando
vocês não têm mais forma, quando o saco de alimento desaparece, quando o saco
mental desaparece, o que é que resta?
Nada.
Será
que vocês têm necessidade de sentidos para ver, para ouvir, para tocar?
Absolutamente
não.
Portanto,
vocês veem, efetivamente, que seu modo de ver e de perceber é ligado à sua condição
atual.
E
que esta condição leva-os a colocar o princípio de uma continuação que existe
apenas no mental.
Quando
o saco de alimento retorna à terra, o que é que vocês levam?
Reflitam.
Vocês
não têm a resposta: não pode haver uma.
Vocês
nada levam.
Ora,
a personalidade, como o Si, vão, ambos, negar esse princípio e declarar-se
imortais.
O
que é que resta quando vocês desaparecem?
Vocês
não levam nem seus olhos, nem seu coração, nem suas mãos, nem seus pés, nem
seus sentidos.
Então,
o que resta do que vocês conhecem?
Estritamente
nada.
Vocês
têm uma resposta para isso?
Vocês
não podem tê-la; é como para o Absoluto.
Questão: Por que
alguns refutam tudo depois uma tragédia e, outros, depois uma forma de ascese feliz?
Mas
isso não faz qualquer diferença.
É
preciso compreender e aceitar que, para uma forma efêmera que é esse saco
(mental ou de alimento), nada há de pior que seu próprio desaparecimento.
Porque
isso o põe em face da autossatisfação de suas crenças, da autossatisfação de
sua imortalidade: e é certamente o choque o mais importante.
Porque
é apenas nessa situação de choque que vocês se dão conta de que tudo isso é uma
tragédia, mesmo feliz.
Isso
nada quer dizer.
Pouco
importa o caminho: não há caminho.
É
apenas em uma forma de urgência, qualquer que seja esta urgência, que
geralmente o Absoluto desvenda-se.
Porque
vocês se desvendam, vocês mesmos, na trapaça.
Enquanto
o efêmero não é colocado de frente, justamente, ao seu efêmero, ele se crê
eterno.
E
enquanto ele se crê eterno, ele se trapaceia a si mesmo.
Questão: O Absoluto
não se importaria com o que quer fosse, na realidade?
O
Absoluto, efetivamente, não se importa com o que quer que seja, porque ele nada
é do que quer que seja.
Enquanto
você crê que há algo a fazer, você se engana, você mantém sua própria ilusão.
Todo
o problema vem da identidade a uma forma, a um saco, a uma vida, a uma ideia.
Enquanto
isso existe, você se trapaceia a si mesmo e não muda de ponto de vista.
Coloque-se
a única questão, não de onde você vem (porque você vem de lugar algum), mas o
que você É quando você dorme?
Enquanto
seu ponto de vista é centrado em uma forma, em um tempo, em um espaço, em um
destino, em uma história, em uma percepção, há trapaça.
Nenhuma
Verdade pode existir aí.
E
eu entendo por Verdade o que não é afetado nem por um tempo, nem por um espaço,
nem por uma ideia, nem por um conceito, nem por uma percepção: por qualquer
sentido e por qualquer consciência.
Aquele
que é capaz, não de meditar, mas de não mais interferir com um corpo, com uma
forma, com um mundo, com uma ideia, com um conceito, com um sentido de
propriedade, qualquer que seja, é Absoluto.
Ele
não é mais afetado pela forma, ele não é mais afetado pelo mundo, mesmo se essa
forma ali esteja submetida.
É
efetivamente, portanto, uma mudança de ponto de vista e de olhar: é a perda de
toda vaidade, de todo orgulho, de crer-se o que quer que seja.
Questão: O que é o
Eterno em relação ao Absoluto?
O
Absoluto É a Eternidade.
A
Fonte não é a Eternidade, uma vez que ela parte de um ponto, ela se nomeia: a
Fonte.
Todos
os processos, espaciais e temporais, que vocês vivem (sejam as Vibrações, seja
a percepção do que vocês nomeiam o Canal Mariano), têm apenas um único
objetivo: é de fazer cessar toda distância e toda separação.
Aí
está a Eternidade.
A
Eternidade não repousa em nada de efêmero, em qualquer movimento, nem em um
finito, nem em um infinito, mas em um indefinido.
Não
é a mesma coisa.
Porque
assim que há definido, finito ou indefinido, definição, há a separação.
Questão: Os protocolos
cristalinos, os exercícios respiratórios que são propostos atualmente pelos
outros intervenientes, são facilitadores no desvendar do Absoluto?
Mas
o Absoluto não pode ser desvendado!
Tudo
o que vocês utilizam (o corpo, os chacras, os cristais) são apenas divertimentos.
À
força de divertir-se, virá um momento em que o Absoluto revela-se.
Mas
não são vocês que vão a lugar algum.
A
Consciência (isso foi repetido em todos os sentidos) é uma Vibração.
No
Universo, tudo é Vibração.
Nas
Dimensões, tudo é Vibração.
Na
Consciência, as consciências, tudo é Vibração.
O
Absoluto não é uma Vibração.
Mas
vocês devem, efetivamente, experimentar o que são as Vibrações para aproximar-se
da Infinita Presença.
Tudo
está em seu lugar.
Mas,
se vocês fossem capazes de sair de toda identidade, efetivamente, vocês não
teriam necessidade de nada mais: mas é instantâneo.
Ora,
vocês recusam o instantâneo porque, para vocês, o instantâneo, de seu ponto de
vista, é efêmero.
Eu
falo, efetivamente, do instantâneo e não do tempo presente.
Ora,
justamente, é no instantâneo (desprovido de qualquer percepção, de qualquer
Vibração, de qualquer identidade e de qualquer mundo) que é o Absoluto que
vocês São.
Mas
é mais fácil para um observador que olha a cena de teatro, pensar em sair do
teatro para ver que ele não existe, do que para aquele que atua na mesma cena,
na cena do teatro.
Porque
este não pode conceber, imaginar, perceber ou considerar que isso não existe.
Se
vocês fossem capazes de dormir todo o tempo, sem sonho, sem morte, vocês seriam
Absolutos, instantaneamente.
É
o que vocês São.
Toda
a problemática releva da consciência e da identidade.
Eu
repito, lembrem-se de que vocês são condicionados por uma forma, vocês são
condicionados por um mundo.
Mas
vocês não são nem um mundo nem uma forma.
É
um erro de apreciação.
Vocês
não podem encontrar o que vocês São, diferentemente, que não pela refutação.
É
no momento em que cessa todo sinal, toda consciência, toda Vibração, toda
percepção, toda identidade e todo o mundo, que vocês são Absolutos.
É
quando vocês se apercebem (e é uma metáfora) que, não tendo mais forma, não
tendo mais pensamento, não tendo mais identidade, não tendo mais marcador, não
tendo mais consciência, que vocês São, nesse momento, Absoluto.
Aí
está o Absoluto.
Mas
enquanto existe o mínimo marcador, o mínimo sentido de um «eu» ou de um Si, vocês não são Livres, uma vez
que vocês são tributários desse «eu», desse Si.
A
instantaneidade não pode ser encontrada nessas circunstâncias.
Não temos mais perguntas,
agradecemos.
Então,
BIDI saúda-os.
E
eu os lembro de que além da compreensão de minhas palavras faladas, há outro
estágio de compreensão, que é ler.
Mas
eu não falo de compreender palavras, ouvidas ou lidas, mas ir além.
Eu
tive a ocasião de dizer que quando vocês não compreendem, é já três quartos do
trabalho, de fato.
O
último quarto é compreender que não há trabalho.
Enquanto
vocês compreendem, há apenas ignorância, porque toda compreensão refere-se, necessariamente,
ao que vocês conhecem.
Justamente,
é quando não pode existir a mínima compreensão, a mínima percepção, a mínima
identidade, que vocês se aproximam de si mesmos.
Isso
não é um deslocamento.
Se
vocês aceitam isso, constatarão por si mesmos que não há qualquer trabalho, qualquer
esforço.
O
que eu chamo, sem parar, mudar de olhar ou de ponto de vista.
Porque
seu ponto de vista, enquanto é definido pelo conhecido, o cognoscível, o
explicável (que os leva a uma experiência conhecida) continuará e permanecerá,
sempre, uma Ilusão.
Então,
BIDI saúda-os.
Até
logo.
_______________
Compartilhamos estas informações em toda transparência. Obrigado
por fazer do mesmo modo. Se você deseja divulgá-las, reproduza a integralidade
do texto e cite sua fonte: http://www.autresdimensions.com/.
BIDI:
ResponderExcluir"Refutar o efêmero. Esquecer-se de si. Na projeção, não somos livres. É o ponto de vista, que precisa mudar. Toda experiência, mesmo a penosa, é ilusão. O Absoluto, não se importa com a experiência. É você que se afasta Dele. O Absoluto, contém a Fonte e a Unidade. Na investigação, identificar o que é efêmero..."
Uma mensagem, que tira todas as capas do ego, com seus medos e ilusões. No refutar, desaparece, o que não for verdadeiro, restando apenas o Absoluto. Em alguns momentos até divertida, porque já reconhecemos as trapaças.
Rumo ao Absoluto, sem rumo. Um 'especial' 22/9/12, a todos.
Noemia
Existe o caminho instantâneo, que é o fim do "eu / sujeito / Si", e que nem caminho é, pela própria ausência consciencial de espaço / tempo. Existe o caminho sem fim, enquanto houver identidade, que é o alguém que se julga conhecedor e que se acredita existente. Em outras palavras: "sem ninguém, tudo se resolve, na maior facilidade; do contrário, haja caminhada interminável". Esta MSG conseguiu expressar bastante isto que é estrita realidade, mas de aceitação restritíssima, dado que em nada contempla a consciência pessoal. Para mim (por ausência de palavra), esta participação do BIDI foi um super coroamento deste seu conteúdo pra lá de diferenciado.
ResponderExcluirBIDI reforça a necessidade de "parar" todos os mecanismos de compreensão, de caminho etc. Irmão K, 2 de setembro, focou isso. Vamos lá!
ResponderExcluirTemos encontro, comunhão com o Arcanjo Miguel amanhã as 17:00h. Amanhã, neste horário, todos somos UM.
A Infinita Presença e Última Presença são o que se pode ser chamado do ponto de vista da Unidade, do Si, como um momento de um basculamento, no qual a consciência se prepara para diluir-se e desaparecer ela mesma.
ResponderExcluirÉ o momento em que a consciência sente o seu próprio desaparecimento.
É a consciência, em um primeiro momento, que passa do limitado à Infinita Presença, que permite o estado de Absoluto.
O Absoluto desidentifica-os de um corpo, de um mental, de uma identidade, de um mundo.
Quando vocês são Livres, vocês sabem instantaneamente, porque reencontram sua natureza Real e Eterna.