25 de ago. de 2013

ENTREVISTAS COM UM CANAL.



Essa rubrica é composta de entrevistas de Ar.
Não se trata, de modo algum, de um orgulho de uma realização qualquer, mas pareceu-nos interessante partilhar um testemunho que permita colocar uma ilustração das transformações em curso.

"Liberação e consciência" foi realizado em 5 de fevereiro de 2013.
Ele destaca, notadamente, dois aspectos do absoluto:
- A simplicidade
- O jogo da consciência

"Caos, Graça e retorno do Rei" foi realizado em 20 de agosto de 2013.
Ele se apoia, notadamente, em questões que foram colocadas por e-mail nesse site.


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5-2-2013

LIBERAÇÃO E CONSCIÊNCIA

Como você sabe que está liberado?

Pelo próprio fato de não mais encontrar ninguém no que me parecia «ser», ver que não há qualquer entidade, Ar ou outra, em lugar algum desse corpo, dos pensamentos ou das emoções que o atravessariam, estar na incapacidade de encontrar essa entidade.
Há, então, liberação do fato de crer na existência de uma pessoa que eu seria – que jamais existiu – mas que guiou esse corpo e esse mental durante anos, como uma história coerente, baseada em uma mentira que era, de fato, a mentira da existência de alguém no interior desse corpo.

Como você sabe que está liberado, agora?

Primeiro, é uma questão que não aparece, que eu não me coloco.
Portanto, finalmente, antes desse estado de Liberação, a questão que existia era: «Como encontrar a Liberação?» e, de repente, não há mais questão alguma.

Portanto, a ausência de questão é um dos sinais pelo qual você sabe que está liberado?

A questão será: «Quem é o «eu» que está liberado?».
E o desaparecimento do «eu», em todas as suas formas, faz com que não haja ninguém mais a liberar e que faz a liberação não é: «Será que esse «eu» está liberado?».
É, simplesmente, que há Liberação do «eu».
O «eu» desaparece e cessa, e o aprisionamento pelo «eu» cessa.
Não é mais algo desse gênero que acontece, o que quer dizer que não é a pessoa que é liberada.

Sim, um de seus famosos predecessores disse: «Não é a pessoa que é liberada, é da pessoa que se é liberado»...

Perfeitamente.

Portanto, mesmo na formulação de minha questão «Como você sabe que «você» está liberado?», não há qualquer «você» que possa ser liberado, uma vez que a Liberação não acontece, jamais, à « pessoa»...
É porque é muito difícil interrogar um liberado vivo em sua vida, na vida de quem não é mais!

Exatamente!

De que se é, então, liberado?

Da ilusão de ser uma pessoa, da ilusão de ser uma alma, da ilusão de ser uma consciência.
É, antes de tudo, o reconhecimento da consciência pelo que ela é, que nos libera da própria consciência.
É a consciência que nos «cola» à pessoa.
E é o fato de estar identificado – uma vez que é o próprio mecanismo da consciência esse experimento – o próprio objeto da consciência esse experimento, assim como é o objeto do mental fazer reflexões, separações.
Quando a consciência é reconhecida pelo que ela é, então, não há mais identificação à consciência, assim como era possível, antes de viver essa «Liberação» da consciência, ter uma forma de despertar ao Si, ao «Eu Sou», ou seja, colocar-se, transferir o foco da consciência da pessoa para o Ser, o que leva a um distanciamento.
Mas é, efetivamente, a um dado momento, reconhecer o que é a consciência que faz a diferença.

Ramesh Balsekar, outro liberado vivo, diz que tudo o que é, é Consciência.
Mas ele faz uma distinção entre a consciência não manifestada e a consciência manifestada.
Quando você fala do «reconhecimento da consciência pelo que ela é», de qual consciência você fala?

Eu falava da consciência manifestada.
Quando se reconhece o processo de manifestação da consciência, o aprisionamento na projeção da consciência e o fato de que ela vem prender-se a tal ou tal objeto – que pode ser esse corpo, que pode ser o Ser, que pode ser uma árvore ou outro ser com quem se pode ter a impressão de estar em fusão – tudo isso são processos de consciência manifestada.
A um dado momento, o próprio processo da manifestação da consciência – seu funcionamento – é reconhecido e, de repente, torna-se possível colocar-se na consciência não manifestada, o que outros chamam o Absoluto.
Naquele momento, não há mais esse processo que eu chamo o processo de «cola», da consciência que vai «colar-se», sistematicamente.
Enquanto a consciência «cola-se» a algo, é-se dependente da consciência, quer esse algo seja o Ser – o Si – ou a pessoa, continua-se prisioneiro dessa «cola».

Você faz uma distinção entre o mental e a consciência manifestada?
Somos, frequentemente, convidados, em alguns ensinamentos, a observar o mecanismo do mental, para poder, justamente, dele desidentificar-se e tornar-se, de algum modo, o observador...

Trata-se de duas coisas completamente diferentes.
O mental é um mecanismo ligado a esse corpo, ele faz parte das ferramentas desse corpo, com um funcionamento mecânico.
Observar o mental pode, efetivamente, permitir colocar-se no Ser e observar e tomar uma distância com o que faz a pessoa, ou seja, com o mental, as emoções, o próprio corpo.
A consciência é, muito frequentemente, citada em montes de ensinamentos, em muitos níveis: tomada de consciência, expansão de consciência etc.
Ora, eu jamais compreendi essa palavra, antes de «ver» a consciência, no entanto, penso ter utilizado essa palavra frequentemente!
É muito difícil colocar palavras no que é a consciência, mas o mecanismo do que eu pude perceber é que o fato de levar a mudar a consciência de apoio permite – ou não – reconhecer a consciência.
Se a consciência está «colada» no corpo, então, há identificação completa à pessoa.
Se a consciência vem «colar-se» no Ser, há desidentificação da pessoa, mas identificação a um «Eu Sou» muito mais amplo.
Se a consciência «cola» em uma árvore e entra-se em fusão com a árvore, haverá essa impressão de comunhão.
E todas essas mudanças permitem, a um dado momento – que não será, jamais, decidido nem pela consciência nem pela pessoa –, reconhecer a consciência.
Não se trata de um caminho lógico porque, se se seguisse uma lógica, estar-se-ia, então, em um caminho mental, o que quereria dizer que a consciência estaria «colada» ao mental.
E não é colando a consciência por um caminho lógico que se descola a consciência.

Portanto, é aceitar todas as turbulências sem, forçosamente, procurar a razão, sem, forçosamente, prender-se a uma forma de lógica.
É aceitando estar no meio de uma tempestade, deixando ser as coisas, que, a certo momento, sem que haja qualquer vontade de reconhecimento da consciência, que a consciência é reconhecida.
É possível, por toda uma série de práticas que são inumeráveis, passar da pessoa ao Ser e, daí, reconhecer que o Ser faz parte, ele próprio, da ilusão, mas sem procurar encontrar o que haveria por trás.
Depois, isso não depende mais, de modo algum, nem do Ser nem da pessoa: isso vem ao nosso encontro.
E é a própria essência do que nós somos.

E, enquanto se procura isso, não se pode encontrá-lo.
É como se vocês procurassem, sempre, seu coração ao seu redor: vocês não o verão, jamais!
A um dado momento, o que está no interior não será, jamais, percebido pelas ferramentas que vão ver no exterior.

Isso me faz pensar em uma mosca sobre uma vidraça.
Se se focaliza na mosca, não se vê a paisagem que está em segundo plano, e, se se olha a paisagem, não se vê mais a mosca na vidraça.
Quando se olha a mosca, poder-se-ia dizer que é como estar na pessoa: a consciência olha a pessoa, o «eu».
Quando se olha a paisagem, não se vê mais o «eu» e é-se o Ser, o «Eu Sou».
Quando se reconhece o princípio de foco na mosca ou na paisagem, é possível não ter foco nem sobre a mosca nem sobre a paisagem, ser os dois ao mesmo tempo e nem um nem o outro.

Sim, é o desaparecimento da focalização, é por isso que é tão irrepresentável para aquele que ainda não o vive.

Porque as únicas ferramentas – para aquele que ainda não o vive – para tentar apreendê-lo, serão o Ser ou o mental, portanto, duas ferramentas que são focos, que são dois modos nos quais a consciência «cola».

Você disse, há pouco, que o fato de reconhecer o funcionamento da consciência não garante o acesso à Liberação.
Você não falou disso como um pré-requisito, mas, para você, aconteceu assim, por essa etapa.
É sua experiência...

Eu tomo o cuidado de apresentar minha experiência como um caminho universal.
O reconhecimento da consciência: «Ah OK, isso «cola»... «Estou colando ali, e colando lá... » e, a um dado momento, em um tempo muito curto, em alguns segundos: «Mas, será que não posso colar-me?».
Ops, e aí aparece – essa não é a palavra – encontra-se no que você chamava a consciência não manifestada ou o Absoluto, pelo simples fato de dizer: «Bem, OK, se eu não a colo, o que acontece?».
Em todo caso, é o que aconteceu para mim.
Isso foi seguido de uma compreensão de muitas coisas que eu havia podido ler e, depois, sobretudo, dessa constatação de que é muito simples, muito simples!

Por que jamais foi dito que é tão simples?
Por que você fez a busca de que nós somos, por essência, algo de tão difícil?
E, em um segundo tempo, eu me disse: «Quantas vezes eu ouvi que era simples!».
Mas, de fato, mesmo quando eu ouvia que era simples ou que eu lia que era simples, mesmo a palavra «simples» era mais complicada do que a simplicidade que emerge.
E havia, portanto, essa alegria, essa gratidão, essa diversão: «Mas é tão simples, leve, natural, sem esforço! Tudo isso para isso?!»

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LIBERAÇÃO E CONSCIÊNCIA – Página 2

O que é perturbador para aqueles que não voltaram, ainda, à «verdadeira» Vida, é que isso não se manifesta aos olhos dos não liberados por sinais exteriores observáveis.
É no fundamento do único testemunho dos liberados vivos que se sabe que eles o são.
Porque não se vê qualquer manifestação exterior disso: é perfeitamente não espetacular!
Então, esse testemunho passa, forçosamente, por uma espécie de autoproclamação, porque ninguém pode testemunhar pelo outro o fato que ele é liberado...

«Ninguém» pode testemunhar, uma vez que não há mais ninguém para testemunhar, nem no exterior, nem no interior!
O liberado não se importa de ser reconhecido como liberado.
Nenhum liberado irá proclamar o fato de que ele é liberado.

No entanto, é, efetivamente, o que parece acontecer..., ou seja, que os liberados testemunham o que é a Liberação que eles vivem.

Há uma diferença entre testemunhar e proclamar.
Quer dizer que o testemunho são palavras enviadas nessa ilusão – acompanhadas de vibrações que vão junto – mas digamos que é uma energia e palavras enviadas nessa ilusão, sem qualquer intenção específica.
Não há qualquer intenção de mudar o que quer que seja, nem ao nível da humanidade, da Terra, do Universo ou da pessoa, em nenhum nível.
Portanto, o testemunho emerge.

A proclamação seria um processo para levar a um reconhecimento.
Para que serve evocar a Liberação como um programa automático?
Quando há reconhecimento de que não há ninguém, em qualquer nível que seja, não pode ali haver, tampouco, a crença de que há pessoas a ajudar, ou um reconhecimento para receber pessoas no exterior desse corpo.
Eu penso que nenhum liberado jamais procurou fazê-lo conhecer...

Dizem-nos que nós somos personalidades, que temos personalidades.
Na língua dos pássaros, há pessoas, com seu corpo, seu mental e, quando a consciência vem colar-se em cima, torna-se uma pessoa acamada, uma pessoa doente!
E a ambiguidade da palavra «personne», no francês, que nos diz que há alguém e que não há ninguém, ao mesmo tempo.
Essa ambiguidade está aí, permanentemente, sem que isso incomode quem quer que seja!

Sobre o testemunho, Tony Parsons diz que não pode testemunhar, ele é uma testemunha apaixonada, sem a mínima intenção de mudar ou de melhorar o que quer que seja, porque ele nada é que já não seja Isso...

Eu tenho muito prazer em falar disso, trocar sobre isso.
Mas há, também, um reconhecimento do medo ou de resistências do que isso possa gerar, junto a outras pessoas – não há ninguém, mas há, de qualquer forma, um medo, que não existe, mas que está aí, de qualquer forma! – e, de repente, é nisso que há uma alegria a testemunhar, mas não há, tampouco, uma absoluta necessidade de fazê-lo, no que me concerne.
É uma pequena indulgência!
E poderia ser completamente considerável não falar disso a ninguém.
Nada há a mudar na peça de teatro.
Se o conjunto de consciências presentes nessa peça de teatro quer continuar a crer na peça de teatro, por que impedir?

Será que tudo está perfeito?

Nada pode estar nem perfeito nem imperfeito.
A consciência experimenta o que ela pode experimentar.
Por exemplo, o Sol irradia seu calor, sua luz, e recebe-se isso sobre a Terra, e isso nos parece perfeito, porque se pode dizer que faz um pouco de calor, que isso faz luz.
Em contrapartida, se se coloca o pé sobre o Sol, isso nos parecerá menos perfeito, mas será, sempre, uma visão truncada, de separação, da experiência.
Cada coisa se faz.

Dizer que tudo está perfeito seria um modo de qualificar a Criação ou de qualificar a experiência.
Acontece o que acontece, que não é nem perfeito nem imperfeito.
É a vida que flui...

Sim, é isso, a consciência vive essa experiência.
Ela pode pôr-se na resistência com essa experiência, ou ela pode pôr-se em fusão com essa experiência: isso dará uma impressão, uma coloração completamente diferente da experiência, mas tanto uma como a outra, isso não tem qualquer importância.

Não há uma terceira postura que seria aquela da observação, pôr-se à distância, no testemunho?

Será que a observação não é um foco da consciência, do ponto de vista do Ser?
E essa própria tomada de distância é uma maneira diferente de viver a experiência.
Finalmente, pouco importa que a experiência seja vivida de maneira dramática, de maneira eufórica, ou sendo observador, é apenas uma experiência, que passa, que não tem qualquer incidência na essência.

E então, de seu ponto de vista, uma «experiência» é vivida, ainda, como tal?

Há, sempre, uma consciência, há, sempre, um corpo, há, sempre, um mental que permite comunicar-se, portanto, as ferramentas da experiência continuam aí.

O que mudou, em sua percepção do mundo? Há um antes e depois?

Sim, há um antes e depois, no sentido de que não há mais ninguém para crer na história.
Portanto, não há mais drama, não há mais euforia e, contudo, há consideração do drama do outro, porque há respeito da história de cada um, mesmo se essa história seja completamente ilusória.
Por exemplo, é um elemento importante na vida quotidiana, há o desenrolar de uma vida familiar que poderia parecer clássica, que é completamente clássica, com o respeito dos melodramas de cada um.
Isso não vem mais criar melodrama nessa pessoa.

A percepção desse mundo é, forçosamente, modificada pelo próprio fato do desvendamento da ilusão desse mundo.
É como quando se vai ao cinema, está-se na história, é-se tomado na história, fica-se mantido na história, mas se, a um dado momento, nosso vizinho acotovela-nos, sai-se da história, dá-se conta de que não se está na história e, de repente, o drama que acontece na tela não existe mais ou, em todo caso, a intensidade da tela desaparece.
Aí, é a mesma coisa: o filme continua a projetar-se, há, ainda, um corpo, um funcionamento que se projeta, ele mesmo, nesse filme e nessa história, mas ele não faz mais parte da história.

Você disse: não há mais drama, não há mais euforia... não há mais espera, tampouco, mais expectativa?
A espera tem, ainda, um sentido?

Mas a espera de quê?

Muitas pessoas vivem de esperança, sobrevivem de esperança, a esperança de que «isso vai arranjar-se»!

E, quando nada mais há a arranjar, há apenas o que alguns poderiam chamar uma alegria profunda, uma quietude profunda.
O que é específico é que se vive, ao máximo, um período de mudanças importantes, que fazem com que, nas vivências que eu posso testemunhar, experimentei, por vezes, uma espécie de «mordida de alegria», ou seja, uma alegria muito forte, premente, que é dolorosa, e que, mesmo essa dor, é prazer.
Então, eu não sei a que ela é devida, mas está aí...


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LIBERAÇÃO E CONSCIÊNCIA – Página 3

O que é do tempo e do espaço?

Aí está um ponto que permite, efetivamente, desestabilizar o mental: ir ao fim do tempo e do espaço, porque é, de qualquer forma, a observação desses dois pontos que permitiu, na história que eu testemunho, atingir a Liberação.
É observar que o tempo e o espaço não existiam e, sobretudo, observar os dois elementos separadamente, observar a noção do tempo, dizendo-se: «OK, se o espaço não existe, mas o tempo existe, o que é que isso implica, o que é que isso significa?».
Portanto, se o espaço não existe e o tempo existe, isso significa que estou por toda a parte, simultaneamente, e que eu sou tudo, ao mesmo tempo.

Portanto, o tempo não é um elemento de separação, o que significa que a separação viria do espaço.
Mas se se observa o espaço sozinho, se o espaço existe e o tempo não existe, isso significa, também, que eu estou por toda a parte ao mesmo tempo, uma vez que, quer eu esteja em tal lugar meia hora ou uma hora, não é possível, se o tempo não existe.
Isso quer dizer que eu poderia estar, simultaneamente, em todos os lugares, que eu estaria por toda a parte.
Portanto, o espaço, sozinho, não basta, tampouco, para criar a separação.

Eu resumo, rapidamente, é uma reflexão que não foi longa, mas que foi intensa, que merece observar com rigor, sem deixar qualquer descanso ao mental, obrigá-lo a ir ao fim dessa reflexão.
Porque é um elemento fundamental: se o tempo, sozinho, não permite a separação, e se o espaço, sozinho, não permite a separação, como explicar que o tempo, acoplado ao espaço, permite a separação?
É um processo mental que havia conduzido a um eletrochoque, e que me permitiu ser claro sobre o fato de que a separação podia apenas ser uma ilusão.

A combinação do tempo e do espaço cria a ilusão de uma separação, mas não pode criar a separação, uma vez que nem um nem o outro, tomado isoladamente, é capaz de criar a separação.

Você disse «Se o espaço não existe e só o tempo existe, isso significa que eu estou por toda a parte e que eu sou tudo», e o que me impressiona é que você respondeu à questão do tempo sozinho, em termos de espaço, porque «ser tudo» e «estar por toda a parte» são, primeiramente, parâmetros espaciais.
É como se você demonstrasse, ao mesmo tempo, que havia apenas o espaço.

No final, nem o tempo nem o espaço existem.
Eu tentei, aí, rememorar um processo mental que permitiu criar um desligamento do foco da consciência.
Trata-se, aí, de ser liberado de todo aprisionamento quando da projeção da consciência e, efetivamente, em relação ao processo de Ascensão da Terra, de mudança de consciência da Terra.
Isso não pode concernir ao Absoluto, uma vez que se trata, simplesmente, de mudar a bobina do filme.
É um pouco como se se olhasse um filme, é um pouco como se se estivesse prisioneiro de um cenário e a Ascensão permitisse mudar as bobinas, portanto, mudar de filme à vontade, ela não impede que se continue a olhar um filme.

E continua-se em um tempo e em um espaço...

Tudo depende do filme!
É o próprio filme que vai definir isso.
A consciência colará onde ela deseja, ou terá a possibilidade de descolar-se.
Eu não posso testemunhar a Ascensão, mesmo se, inegavelmente, haja sinais dela nesse corpo, nessa pessoa, nesse mundo, mas isso em nada concerne à Liberação.
E esse processo, de meu ponto de vista, hoje, não tem qualquer interesse, se não é o de criar eletrochoques na consciência e, portanto, permitir à consciência ser reconhecida.

Há um meio de atingir a Liberação?

Parece-me que o primeiro elemento – mesmo se, eu repito, não haja receita, porque não se atinge a Liberação: dá-se um passo para ela, e é a Liberação que vem tomar-nos (mas a questão é como dar esse passo para ela!) – a primeira coisa, portanto, parece-me, é ter um «objetivo» claro e determinado de encontrar quem nós somos, encontrar o que eu sou e encontrar o que é a nada leva, mas encontrar a Verdade, qualquer que seja o preço.

Muitos buscadores espirituais afixam essa vontade, na condição de que as notícias não sejam demasiado más,ou seja, que se isso deva levar a desaparecer, então, não estou certo de ter, verdadeiramente, vontade da Verdade, porque se eu desapareço, será que estou certo de reaparecer?
E, sem o desaparecimento, nada de Liberação.

Portanto, a determinação sem falha, quotidiana, a cada instante, de não querer atingir qualquer nível, mas de conhecer a Verdade, qualquer que seja.
Não se pode desejar uma resposta, desejar ouvir qualquer coisa, e ouvir a Verdade.
Se já se sabe a resposta que se quer obter, então, não se está disposto a ouvir a Verdade.
E não é lendo ou escutando o que outros testemunharam da Verdade que se verá a Verdade.

É, verdadeiramente, o ponto determinante.
Vive-se em um período no qual o número de buscadores é, verdadeiramente, importante, e a maior parte dos buscadores sente-se autênticos em sua busca.
Mas se há o medo de desaparecer buscando a resposta, então, a um dado momento, acontecerá um bloqueio.
Se se trata de encontrar os meios de melhor funcionar em minha vida de todos os dias, para melhor realizar meus projetos, então, a Verdade não chegará.
Chegará uma resposta que será: «Aí está como é possível melhorar seu quotidiano.».
E dir-se-á:«Uau, eu toquei uma verdade!», mas é, simplesmente, que se pediu ao filme, que se pediu ao programa automático, para trazer-nos elementos para melhor funcionar nesse plano, portanto, para melhor funcionar na ilusão.
Enquanto se busca melhor funcionar na ilusão é impossível liberar-se da ilusão: é preciso aceitar... tudo perder.

E, verdadeiramente, eu insisto nessa noção de tudo perder.
Era, em mim, como uma fúria: o que quer que aconteça, deixar a mim perceber que há apenas o néant, deixar ser absorvido pelo néant, deixar desaparecer para sempre!
Mas se eu desapareço para sempre, isso significa que já, hoje, eu nada sou.
Tanto conhecimento!
Para que serve fazer-me crer que há algo ou que há algo de maior, se nada há?

Portanto, uma determinação para ir descobrir essa Verdade.
Eu gostaria, verdadeiramente, de insistir sem parar nesse ponto, tanto ele é crucial.
E gostaria de dizê-lo em todas as línguas e com todas as palavras imagináveis, porque eu tenho visto muito pessoas ou satisfazer-se no caminho de uma meia-resposta, ou parar por medo.
E eu não quero dizer: «Não temam, por trás de vocês, vocês vão dar-se conta de que são o Tudo», porque, de fato, isso quereria dizer que não se está pronto para tudo soltar para encontrar a Verdade.
Está-se pronto para tudo soltar, na condição de encontrar o Tudo.

Aceitar desaparecer é essencial.
Aceitar, também, que o caminho não deve ser um caminho de suavidade, um caminho de alegria, um caminho de amor.
Tudo isso são reduções de tudo o que é possível viver, e se é questão de passar por fases de sofrimento importantes, pouco importa.
Se é o caminho de vida, se é o que é vivido no momento em que é vivido, então, está aí!

Não é que seja fluido ou não fluido, que seja a sombra ou a luz: não, está aí, e há apenas um único lugar no qual se poderá encontrar a verdade sobre o que se é, é no que está aí.
Eu posso testemunhar que passei, efetivamente, por momentos de graça nesses últimos anos, mas eu passei, também, por fases de enorme sofrimento.
Eu sempre tomei isso com o mesmo acolhimento.

Chega um momento no qual pode haver, ainda, sofrimento físico no corpo, o sofrimento está aí, mas vocês, vocês não são mais concernidos pelo sofrimento.
E, mesmo se se é concernido pelo sofrimento antes de ter atingido a Liberação, isso não significa que seja preciso evitá-lo.
Eu não quero dizer, tampouco, que seja preciso deleitar-se no sofrimento.
O que eu quero dizer com isso é que, quer seja fácil ou difícil – e isso não é perfeito, tampouco – é, simplesmente, o que é.
Ora, no que é, não há valoração, e vocês vão encontrar no que é, por toda a parte, a cada instante, o Tudo.

Então, há ou não um caminho?

Pode-se, também, acrescentar que a noção de caminho é completamente fictícia e ilusória.
Ela faz parte da ilusão, contudo, o caminho abre-se para o essencial, ou seja, o caminho vai permitir manter o foco de seu objetivo.
Se o objetivo fundamental é o de atingir a Verdade, OK, vocês não vão dizer: «Eu quero atingir a Verdade agora», se a resposta da Verdade decidiu ocorrer agora, ela se fará agora.
Mas pode passar um lapso de tempo entre essa determinação «eu quero atingir a Verdade» e o momento da Liberação.
Esse lapso de tempo entre o momento em que a determinação é colocada e a Liberação, pode-se chamar de caminho, mas cada caminho, efetivamente, será diferente, e sobre os caminhos há muitas coisas que foram ditas e seu contrário.

Alguns dirão: «É preciso ter um mestre», outros, «Eu sou meu próprio mestre»: tudo isso são apenas crenças.
Pouco importa a maneira, a partir do momento em que sua determinação está à frente.
Todos os caminhos, todas as vias espirituais, todas as vias quotidianas – uma vez que jardinar pode ser um caminho – tudo isso apenas tem interesse se isso traz mudanças de consciência, «tomadas» de consciência.
Quando de uma tomada de consciência, há um soltar de consciência de algum modo, para que a consciência «tome» alguma coisa mais.
Há, portanto, «tomada» pela consciência de alguma coisa, mas, no momento dessa tomada, alguma coisa foi solta e, assim, houve um movimento da consciência.

E o caminho vai levar, a um dado momento – ou não – à possibilidade de reconhecer esse soltar da consciência para a «tomada» da consciência.
E, então, dá-se conta de que, efetivamente, não há caminho e que a única coisa importante era captar a consciência, compreender o que era a consciência, «vê-la», para liberar-se da «tomada» de consciência.
E, frequentemente, muitas vezes, a dificuldade do caminho é que se vai encontrar dogmas que podem ter o efeito inverso, ou seja, que ao invés de fazer que a consciência solte algo para tomar alhures, para colocar-se alhures, a consciência, ao contrário, vai fixar-se em um caminho, em uma via espiritual, em tal prática e, de repente, vai colar-se nessa prática, o que não permitirá mais o movimento da consciência.

Assim que há aparecimento de uma forma de hábito, de uma forma de certeza ou de uma crença, «Eu creio que Deus existe», naquele momento, isso quer dizer que é tempo de entregar-se no caminho e entregar a consciência no movimento, criar eletrochoques.
Há esse método que foi utilizado por Sri Nisargadatta e outros, que consiste em deslocar a consciência do «eu» ao «Eu Sou», ou seja, da pessoa ao Ser, e esse passo permite criar movimentos da consciência.
E esses movimentos da consciência do «eu» ao «Eu Sou» e do «Eu Sou» ao «Eu» permitem reconhecer a consciência.

Eu compreendo que, para você, em sua vivência, há um critério de intensidade que foi determinante: você chama, justamente, a «determinação», a determinação para descobrir a Verdade de quem nós somos?
É como se essa intensidade tivesse necessidade de um suporte, e que esse suporte fosse a investigação, de algum modo, e que, sem essa intensidade, a investigação não poderia prolongar-se.
Há buscadores na investigação há trinta anos que não podem estar na investigação, eles são levados por essa intensidade, essa sede de descobrir a Verdade.
E, no entanto, há, aí, um hiato, uma descontinuidade radical: todos aqueles que estão, hoje, liberados, e que passaram, de outro lado, por uma longa e intensa investigação, dizem que não é por causa da investigação que eles chegaram à Liberação.
Há o exemplo de Osho, que foi um asceta obsessivo durante anos, que se conforma a um programa de práticas extremamente severas, segundo uma regularidade estrita.
Um dia, constatando que isso a nada conduzia, ele parou tudo, e pôs-se a fazer a graça matinal, a beber cerveja e a comer não importa o quê.
E, ao fim de uma semana, ele conheceu a Liberação.
Tony Parsons, também, que viveu três anos no ashram de Osho, afirma que sua Liberação nada tem a ver com sua vida de buscador.
Portanto, nenhuma relação direta, mas poder-se-ia pensar que essa intensidade havia conduzido a um estado de «preparação»...

Os exemplos que você dá ilustram, perfeitamente, que, se se está instalado há demasiado tempo em um hábito, é preciso mudar algo, mesmo se se esteja habituado a uma vida de asceta, com a crença de que isso vai conduzir-nos à Liberação – e não é a vida ascética, em si mesma, que coloca problema, nada coloca problema – mas o que é interessante é a mudança, ao nível da consciência.
Pode-se supor que o fato de abandonar, após anos de ascese, provocou um desarranjo que abriu um espaço no interior e, sem esse desarranjo, esse movimento no interior, não há espaço.
É a ilustração perfeita do deslocamento da consciência de que eu falei há pouco.

E, depois, há, também, aqueles para quem a Liberação chega descendo de um trem, ou na idade de dezesseis anos, como Ramana Maharshi.

Isso se junta, também, ao que eu disse anteriormente, é que a primeira coisa que chega é a constatação de que: «É isso? É tão simples!».
É muito, muito, muito simples!

Eu estava sentado no sofá e disse a mim mesmo: «Por que ninguém disse que era tão simples?!».
Portanto, essa não é uma longa história, mas é essa consciência que cria um movimento.

Em minha vivência, isso passou por esse objetivo de atingir a Verdade, mas, para outros, pode ser o fato de viver uma EQM [experiência de quase morte] e dar-se conta de que algo mais existe e descobrir o que há por trás.
Pouco importa o que cria o desarranjo, mas a consciência apenas pode ser reconhecida quando de um movimento da consciência.
Portanto, se ela está fixa na mesma crença, no mesmo funcionamento, no mesmo dogma, qualquer que seja, ela não poderá ser reconhecida.


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LIBERAÇÃO E CONSCIÊNCIA – PÁGINA 4

Poder-se-ia dizer que há um «estado de preparação», que algo se torna disponível quando a consciência é reconhecida...

Sim, é preciso que haja o espaço para questionar a crença, no momento do movimento da consciência.
Mas se se tem uma crença, não a vemos como crença, está-se persuadido...
Portanto, quando se vem a um ser atingido por algo, aí acontece a oportunidade de uma mudança de consciência.
Se se está certado de pessoas que não questionam nossas convicções, que nos permitem viver em uma suavidade, em um casulo, não há esse golpe de desestabilização da consciência que faz com que ela fique tão mal que, de repente, vai colar-se alhures.

Parece-me, também, que, para muitos, isso passa por uma fase de raiva, raiva que pode ser interior, mas que nasce da violência do questionamento.

É como se houvesse um ponto de passagem, um buraco da agulha...
Então, eu não sei se é um momento ou um lugar, ou nem um nem o outro.
É um ponto que não se pode localizar no caminho, que está fora do caminho, que não é o fim da estrada, que é sem referência espaço-temporal.
Parece que há esse ponto pelo qual é preciso passar, e que é, portanto, frequentemente experimentado sob a forma de morte simbólica, essa travessia do véu que pode ser uma experiência violenta.
Você pode localizar um ponto ou um momento, como sendo aquele da passagem ou do basculamento?

Sim, há um momento, um instante.
Sim, há um antes e um depois que, para mim, corresponde ao momento em que houve o reconhecimento da consciência.
O lugar em que isso aconteceu e o momento em que isso aconteceu são, portanto, extremamente precisos, mesmo se o tempo e o espaço não existam e que tudo isso faça, agora, parte de caixas de memória.

Aliás, eu mudo de assunto, mas, como se fala de um momento e de um lugar que faz referência ao aqui e agora, bem, uma das coisas que desaparece é, justamente, o aqui e agora porque, se o tempo desaparece e se o espaço desaparece, não há nem aqui nem agora.
O aqui e agora é o ponto de foco da experiência, que permite o despertar ou a passagem no Ser, mas se o passado e o futuro não existem, o presente não existe, tampouco.

Eu simplifico um pouco, mas poder-se-ia dizer que o aqui e agora é o buraco da agulha que conduz ao fato de que não há, mesmo, aqui e agora.

No entanto, os apóstolos do aqui e agora dizem que só existe o aqui e agora, que o passado e o futuro são ilusórios.
Os testemunhos do aqui e agora, como Eckart Tolle, fazem a demonstração inversa da sua: o passado e o futuro são apenas instantes presentes que ocorreram ou que ainda não ocorreram, há apenas o instante presente, de instante a instante...

É por isso que eu falei, efetivamente, do fato que o aqui e agora é uma «ferramenta», em todo caso, um elemento importante, para realizar o Si.
Mas o aqui e agora fazem parte, efetivamente, da ilusão, como tudo faz parte dessa ilusão.
Trata-se, simplesmente, a um dado momento, de não mais se perder na ilusão para reconhecer a ilusão.
É aí que o aqui e agora é útil.

Eu não disse que o aqui e agora não tinha valor ou que o Ser não tinha valor, simplesmente, o aqui e agora concerne, também, à ilusão.
Eu não penso que seres que atingiram a Liberação evoquem o aqui e agora ou, se evocam, eles o evocam como um caminho para o Si.
Isso gerou, para mim, uma grande explosão de riso, no momento em que eu tomei consciência de que o aqui e agora não existia, que, mesmo isso, fazia parte da ilusão.

De fato, nada do que é percebido, vivido na pessoa ou no Ser permite liberar-se da pessoa e do Ser.
Portanto, tudo o que se vai poder perceber com as ferramentas da pessoa será ilusão, uma vez que são ferramentas próprias de percepção da ilusão.
A visão é uma ferramenta de percepção da ilusão, o olfato e a audição também.
Não é questão de rejeitar tudo isso, é questão de reconhecê-lo como ilusório.
E isso não é porque há reconhecimento da ilusão que há rejeição.

Sim, é por isso que há essa descontinuidade entre as ferramentas da percepção e a vivência da Liberação.
Há, justamente, um caos preliminar, que corresponderia a um estado de disponibilidade?
Tony Parsons fala de «readiness», um estado de «estar pronto», que faz com que alguns basculem e outros não.
E esse estado de «estar pronto», eu me pergunto se isso não se manifesta por um caos, um momento no qual não há mais marcadores...

Aí, você nos leva ao assunto do caos.
Se há uma noção de «estar pronto», ela implica uma flexibilidade da consciência (eu volto, sempre, à consciência, porque é o ponto de apoio), ou seja, o fato de não mais ser desestabilizado por qualquer informação que seja, porque há uma espécie de plasticidade da consciência que pode aceitar tudo e seu contrário.

Se se pode viver, por exemplo, aceitando, perfeitamente, a ideia de que se vai morrer no próprio dia ou no dia seguinte e, no mesmo tempo, é-se capaz de ter uma discussão sobre um projeto de vida que nos leva a vinte anos, então, isso significa que essa plasticidade está presente.
É um exemplo, e é exatamente o que eu pude viver: ser capaz de ter conversas que, se tivessem sido colocadas lado a lado, pareceriam, juntas, completamente ilógicas, completamente caóticas, exceto que, no instante, é a discussão que se apresenta, é o que acontece.
O fato que isso não cria qualquer tensão pode, efetivamente, ser uma representação do estado de «estar pronto» de que você fala.
Mas não estou certo de ter respondido completamente a questão.

Sim, a questão era: «Você passou por uma etapa de caos, no sentido de total disponibilidade e, ao mesmo tempo, perda de marcadores?»

Então, vou acrescentar que há uma passagem por uma forma de néant – voluntariamente, eu não utilizo a palavra caos, mas ela pode ali assemelhar-se, efetivamente – e de acolhimento desse néant, que é, talvez, o último passo (e eu não sei, mesmo, se há passos).
Aliás, será que isso não é a consciência que, sentindo-se encurralada, procura amarrar-nos, sem parar?
A consciência vai procurar colar-se por toda a parte, aí incluídas coisas engraçadas como, por exemplo, colar-se a um grupo, uma vez que ela não pode mais colar-se à pessoa.

Portanto, sim, há essa forma de caos, com o fato que, nos últimos instantes, quando a consciência cola-se, isso dá dor!
Sente-se, verdadeiramente, mal.
E é aí que pode ressoar com ainda mais força o fato de que nosso inimigo leva-nos mais no caminho do que nosso amigo, no sentido em que o que vem dar dor, naquele momento, permite dizer: «Ora! A consciência está colada!».
Em todo caso, sim, isso permite expulsar a consciência, ver que ela está colada.

Não se vê, necessariamente, a que ela está colada, vê-se que ela está colada, sabe-se que ela está colada, porque, aí, há sofrimento, porque, eu repito, mesmo se há dor física, se a consciência não está colada, não há sofrimento.

O caos é um pouco o estado permanente, no sentido em que as coisas acontecem sem razão.
Não há mais causas, não há mais consequências às ações.
De repente, do ponto de vista do olhar da pessoa e, mesmo, do ponto de vista do Ser, é um caos, no sentido primeiro, ou seja, algo em que se torna impossível localizar, em que não há, tampouco, contrariedade: é apenas aí.

Isso me faz pensar um pouco em uma sopa quântica, na qual nada é qualificado, orientado, localizado...

Sim, uma coisa aparece, em seguida, desaparece.

Não há hierarquia, tampouco, não há ordem, cronologia; não há nem tempo nem espaço no caos, não?

Sim, e, de repente, quando a consciência é colocada sobre a pessoa, está-se habituado a que tal coisa aconteça por tal ou tal razão, mas, se se observa atentamente, tudo isso é completamente fictício ou, então, as razões são muito múltiplas.
Uma vez liberado, as coisas, simplesmente, acontecem, aparecem, desaparecem, o que dá uma impressão de caos, uma vez que nenhuma razão há a encontrar para o aparecimento do que acontece.


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20-8-2013

CAOS, GRAÇA E RETORNO DO REI.

Você pode desenvolver sobre a noção de Caos, de que falou há algum tempo?

Uma vez a Verdade desvendada, o Caos torna-se evidência, há aparecimento espontâneo e desaparecimento de nosso campo de percepção.
A cada instante, tudo é redistribuído, a inteireza do que nós percebemos.

Uma vez que o Caos seja vivido, a lei de causalidade não pode mais intervir, porque nada tem causa.
Nesse mundo, nós somos habituados a funcionar no modo de ação/reação.
Mesmo quando isso é visto, tentamos mudá-lo.
Mas o próprio fato de mudá-lo é uma reação à observação da ação/reação.

Nós podemos chamar a isso lei de causalidade, dá no mesmo.
Nós pensamos que o que acontece tem uma causa e, naturalmente, procuramos as causas para o que nos acontece ou tentamos antecipar o que poderia acontecer.
Viver no Caos é viver sobre esse mundo e não nesse mundo.
O Caos é a dança da Vida manifestada em sua inteira liberdade.

No entanto, se eu deixo cair um objeto, um copo, por exemplo, ele vai cair e quebrar.

De momento, a lei de causalidade age, ainda, sobre esse mundo, porque os campos de força, notadamente do mental humano, continuam em ação.
Mas isso é apenas a ponta do iceberg, uma ilusão de nosso mundo falsificado.

O que devemos fazer para agir de maneira correta nesse mundo?

Nada de especial, a ação correta não existe.
Há uma diferença entre a ação correta e a ação de Graça.
A ação correta é uma construção que vai tentar apoiar-se em sentimentos, observações e análises, para conduzir ao que parece correto.
A ação de Graça é portada pela própria Vida.
Ela não se importa que isso pareça correto ou não.
Ela se desenrola sem que se coloque, em um único momento que seja, a mínima questão, sem que se possa distinguir o objetivo.
Aliás, nenhuma questão aparece.
A ação acontece e é seguida de outra ação.
As ações não têm necessidade de ter uma coerência entre si.

Na ação de Graça, o objetivo, a finalidade é deixada, inteiramente, à Luz, isso não nos concerne, de modo algum.
Aliás, na ação de Graça não há ninguém que aja, porque ninguém habita esse corpo.

Como nasce a ação de Graça, como agir, enquanto isso?

A ação de Graça emerge quando a personalidade deixou o lugar.
O Absoluto, o Caos, a ação de Graça parecem-me intimamente ligados.
Enquanto o lugar não é deixado, totalmente, então, a personalidade continua a ter as rédeas, de uma maneira ou de outra, notadamente pela vontade de bem.
Entretanto, temos ações a conduzir, então, conduzamos.
Não é porque uma ação não seja portada pela Graça que ela não mereça ser feita.

Paremos os julgamentos sobre a legitimidade de tal ou tal ação.
A Luz sabe, perfeitamente, agenciar o conjunto da Criação.
Comecemos por sermos amorosos conosco mesmos, depois, com o conjunto de nossos irmãos e irmãs humanos, olhando, com benevolência, cada uma das ações realizadas.

É, por vezes, perturbador ver como julgamos Seres que agem pela Graça, simplesmente porque isso não corresponde ao que nós pensamos ser uma ação coerente ou digna da Luz.
A ação de Graça leva-nos a realizar numerosas coisas de que não compreendemos, necessariamente, o alcance, mas o que daí emerge é o Amor, mesmo se ele se assemelhe à raiva ou apareça como desprovido de sentido.

É engraçado que você fale disso, porque eu me perguntava por que, vivendo no Absoluto, você realizava canalizações.
Por que não, simplesmente, divulgar suas mensagens?

Meu corpo vive sobre esse mundo, ele age sobre esse mundo, embora isso não tenha qualquer sentido, do ponto de vista do Absoluto.
Agir ou não agir nessa ilusão nada muda para quem vive no Absoluto.

Divulgar minhas próprias mensagens ou aquelas de outros Seres é exatamente a mesma coisa.
É, simplesmente, o filtro que muda.
Parece-me que a grande riqueza disso é permitir partilhar diferentes «cores» vibratórias, o que permite, assim, ressonâncias diversas.
No entanto, isso não me concerne e eu não busco o sentido.
Eu não procuro, tampouco, divulgar mensagens.
Seres apresentam-se nesse corpo e deixam-no apenas quando a mensagem é gravada.
Enquanto eu não o faça, eu coabito com essa presença, o que nem sempre é fácil para a gestão de tarefas quotidianas (risos).

Isso me faz pensar que vejo uma ambiguidade nas diferentes mensagens: porque você evoca o retorno de Cristo, enquanto o Absoluto parece ser o espaço máximo de liberação?

Não há espaço máximo de liberação, há liberação ou não.
Ser meio liberado ou quase liberado é ser prisioneiro.

A história de Cristo é uma encenação da Grande Alquimia.
Poder-se-ia considerar que o retorno no Absoluto está em relação com a crucificação/ressurreição: o momento em que a ilusão da existência de uma pessoa é destruída.
O que aparece, ao mesmo tempo, é que há já. Jamais, pessoa em qualquer das manifestações humanas com as quais nós interagimos.
Há apenas uma outra parte do Grande Todo.
Nós estamos, portanto, mortos, ao nível da pessoa, e que vive, de toda a eternidade.
A morte é vencida.

Mas, como eu dizia, não há ninguém, em lugar algum, então, para que serve trocar com o que parecia ser uns e outros que não existem?
Ao mesmo tempo, nós temos o encargo de mover esse corpo sobre esse mundo.
Ele não tem qualquer sentido, mas está aí.
Então, nós agimos sem preocupar-nos com o sentido do que é feito, e vemos a ação da Graça revelar-se.
Ela não serve a ninguém mais que não a própria Graça.

Há, também, o momento em que Cristo disse a Maria Madalena: «Não me toque, porque eu ainda não subi para meu Pai».
Nesse momento, somos Absoluto, mas, ao nível desse corpo, temos, por vezes, a sensação de sermos esfolados vivos, por uma alegria, um amor extremo.
A sensação de que algo acontece, que necessita do tempo sem, necessariamente, saber o quê.
Como uma pele que deve construir-se.
É uma sensação indescritível.

A vinda de Cristo corresponde à Alquimia concluída.
Eu prefiro falar do retorno do Rei, Cristo é amplamente conotado.
O retorno do Rei é a vinda de alguém no interior desse corpo.
Nós poderíamos dizer que ele não é reconhecido como sendo alguém que deixa seu veículo ao Rei que o integra.
O termo Rei parece-me apropriado, porque se trata, efetivamente, de quem vem reinar nessa pessoa.
Nós somos tudo ao mesmo tempo: o Filho, o Pai, o Rei, aquele que está ao serviço do Rei, isso não é, verdadeiramente, acessível para o mental; não nos esqueçamos de que, em nossa eternidade, nós somos o Todo, multilocalizado, e que o que há no exterior há no interior.
Nós somos, portanto, igualmente, multilocalizados em nosso corpo.
Nossa consciência pode viver várias facetas.

Eu faço um pequeno parêntesis para esclarecer que eu gosto, igualmente, do termo do retorno do Rei, porque a personalidade vai dizer «Eu vivo em Cristo» ou «eu sou o Cristo», mas ela não terá mais dificuldade para dizer «eu sou o servidor do Rei», mesmo se sejamos, igualmente, o Rei (risos).

Falar de «servidor» dá a entender que há, ainda, dualidade, e não fusão/dissolução da personalidade no Rei que nós somos.
Essa visão é devida ao fato de ver as coisas de modo separado, é a visão dual da Unidade.
Nós somos o UM, mas isso não nos impede de experimentar diferentes visões do UM ao nível da consciência.

Cristo falou do Filho e do Pai.
Eu admito que o termo de servidor é colorido diferentemente, mas Cristo disse, igualmente: «Eu desci do céu para fazer não a minha vontade, mas a vontade daqu’Ele que me enviou».
Isso não O impedia de proclamar: «Eu e meu Pai somos UM».
Tudo depende do lugar em que se coloca sua consciência.
Você pode colocá-la no Absoluto, no Pai, no Filho, isso nada muda no que você é.

O retorno do Rei acompanha-se de vivência vibratória ou de modificação de consciência?

Obviamente, mas é sempre delicado partilhar as vivências vibratórias e modificação de consciência nesse nível, porque as vivências poderiam ser diferentes para uns e outros.

Parece-me que as premissas, no que concerne à minha experiência, foram uma enésima subida da Onda de Vida, mas mais potente ainda do que o que havia sido vivido até então.
Uma onda de energia potente, que penetra pelos pés, que passa pelo coração e junta-se ao céu, bem acima de meu corpo.
Isso precedeu, de pouco, uma fusão das três lareiras, primeiro o sacrum, que vibra como jamais, depois, junta-se o coração religado ao coração do UM, em seguida, a coroa da cabeça junta-se, por sua vez, ao coração.
Isso cria um braseiro ao nível do coração, que se expande, sem parar, durante vários dias, e termina por englobar todo o corpo.

O que me interpelou com mais força é a intensificação de percepções de Alegria e de Amor e a modificação do modo de difusão.
A percepção do mundo e da humanidade muda.
Descrevê-la parece-me vão, eu não o farei, portanto.
Esse reencontro com o Amor permitiu-me reconhecer o Rei.
Essa presença real é de tanta delícia que eu não gostaria de estragar a surpresa para aqueles que ainda não a viveram e que a ela se dirigem, a grandes passos.

O último aspecto que eu poderia partilhar é que uma nova circulação da vibração intervém, com como único ponto de emissão o coração do Coração.
A irradiação que se junta à terra, com uma sensação próxima dessa Onda de Vida, mas invertida, porque desce do coração para a terra.
Reencontra-se um fluxo idêntico para o alto.

Mas, eu repito, essa é minha vivência.
Deve ser tomada com muita reserva, porque cada reencontro com o Rei é, provavelmente, diferente.

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8 comentários:

  1. 05/02/2013 - Sim, um de seus famosos predecessores disse: «Não é a pessoa que é liberada, é da pessoa que se é liberado»...

    Perfeitamente.


    20/08/2013 - Uma vez que o Caos seja vivido, a lei de causalidade não pode mais intervir, porque nada tem causa. O Caos é a dança da Vida manifestada em sua inteira liberdade.

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  2. Aviso aos Navegantes: O trajeto está escancarado. Já li, senti, muitas coisas extraordinárias, porém, esse conteúdo, percebi que foi diferente e tocou-me profundamente:


    "Não é porque uma ação não seja portada pela Graça que ela não mereça ser feita.
    Paremos os julgamentos sobre a legitimidade de tal ou tal ação.
    A Luz sabe, perfeitamente, agenciar o conjunto da Criação.
    Ser meio liberado ou quase liberado é ser prisioneiro.
    Nós somos tudo ao mesmo tempo: o Filho, o Pai, o Rei, aquele que está ao serviço do Rei, isso não é, verdadeiramente, acessível para o mental;...
    Tudo depende do lugar em que se coloca sua consciência."

    Maravilhas, realmente, estão acontecendo no Planeta Terra...

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  3. "Eu tomo o cuidado de apresentar minha experiência como um caminho universal.
    "É possível, por toda uma série de práticas que são inumeráveis, passar da pessoa ao Ser e, daí, reconhecer que o Ser faz parte, ele próprio, da ilusão, mas sem procurar encontrar o que haveria por trás. Depois, isso não depende mais, de modo algum, nem do Ser nem da pessoa: isso vem ao nosso encontro.
    E é a própria Essência do que nós somos.

    "A um dado momento, o próprio processo da manifestação da consciência - seu funcionamento - é reconhecido e, de repente, torna-se possível colocar-se na consciência não manifestada, o que outros chamam o Absoluto.

    "Isso foi seguido de uma compreensão de muitas coisas que eu havia podido ler e, depois, sobretudo, dessa constatação de que é muito simples, muito simples!

    "E havia, portanto, essa alegria, essa gratidão, essa diversão: Mas é tão simples, leve, natural, sem esforço!
    Tudo isso para isso?!"

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  4. A ação correta é uma construção que vai tentar apoiar-se em sentimentos, observações e análises, para conduzir ao que parece correto.
    A ação de Graça é portada pela própria Vida.

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  5. 20/08/2013- "A História de Cristo é uma encenação da Grande Alquimia.
    Poder-se-ia considerar que o retorno no Absoluto está em relação com a Crucificação/Ressurreição: o momento em que a ilusão da existência de uma pessoa é destruída.
    "Há apenas uma outra parte do Grande Todo. Nós estamos, portanto, mortos, ao nível da pessoa, e que vive, de toda a Eternidade.
    A morte é vencida.

    "A Vinda de Cristo corresponde à Alquimia concluída.
    Eu prefiro falar do Retorno do Rei, Cristo é amplamente conotado. O Retorno do Rei é a vinda de alguém no interior desse corpo.
    "O termo Rei parece-me apropriado, porque se trata, efetivamente, de quem vem Reinar nessa pessoa.

    "Nós somos tudo: o Filho, o Pai, o Rei ... em nossa Eternidade, nós somos o Todo, multilocalizado, e que o que há no exterior há no interior.

    "Nós somos o UM, mas isso não nos impede de experimentar diferentes visões do UM ao nível da consciência.
    "Cristo falou do Filho e do Pai. ... Eu desci do céu para fazer não a minha vontade, mas a vontade daqu'Ele que me enviou. Isso não O impedia de proclamar: Eu e meu Pai somos UM.

    "Tudo depende do lugar em que se coloca sua consciência. Você pode colocá-la no Absoluto, no Pai, no Filho, isso nada muda no que você É."

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  6. 05/02/2013-(página 2)-"A percepção desse mundo é, forçosamente, modificada pelo próprio fato do desvendamento da ilusão desse mundo.

    "Sim, há um antes e depois, no sentido de que não há mais ninguém para crer na história. ... Ninguém pode testemunhar, uma vez que não há mais ninguém para testemunhar, nem no exterior, nem no interior!
    "Há, ainda, um corpo, um funcionamento que se projeta, ele mesmo, nesse filme e nessa história, mas ele não faz mais parte da história.

    "Finalmente, pouco importa que a experiência seja vivida de maneira dramática, de maneira eufórica, ou sendo Observador, é apenas uma experiência, que passa, que não tem qualquer incidência na Essência.

    "Acontece o que acontece, que não é nem perfeito nem imperfeito. É a Vida que flui... Há apenas o que alguns poderiam chamar uma Alegria profunda,
    uma Quietude profunda."

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  7. 05/02/2013-(página 3)-"Aí está um ponto que permite, efetivamente, desestabilizar o mental: ir ao fim do Tempo e do Espaço, porque é, de qualquer forma, a observação desses dois pontos que permitiu, na história que eu testemunho, atingir a Liberação.

    "Não se atinge a Liberação; dá-se um passo para ela, e é a Liberação que vem tomar-nos.

    "Trata-se, aí, de ser liberado de todo aprisionamento quando da projeção da consciência.
    "Quando de uma tomada de consciência, há um soltar de consciência. ... Há, portanto, Tomada pela consciência de alguma coisa, mas, no momento dessa tomada, alguma coisa foi solta e, assim, houve um Movimento da consciência.

    "Entregar a consciência no movimento, criar eletrochoques. ...Pode-se supor que o fato de Abandonar ... provocou um desarranjo que abriu um espaço no interior e, sem esse desarranjo, esse movimento no interior, não há espaço.
    "Pouco importa o que cria o desarranjo, mas a consciência apenas pode ser reconhecida quando de um movimento da consciência.

    "Deslocar a consciência do "eu" ao "Eu Sou", ou seja, da pessoa ao Ser, e esse passo permite criar movimentos da consciência. E esses movimentos da consciência do "eu" ao "Eu Sou" e do "Eu "Sou" ao "Eu" permitem reconhecer a consciência.
    "É a ilustração perfeita do deslocamento da consciência.
    "Mas o que é interessante é a Mudança, ao nível da consciência."

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  8. 05/02/2013-(página 4)-"Você pode localizar um ponto ou um momento, como sendo aquele da passagem ou do basculamento?
    Sim, há um momento, um instante.
    Sim, há um antes e um depois que, para mim, corresponde ao momento em que houve o Reconhecimento da consciência.

    "Então, vou acrescentar que há uma passagem por uma forma de Néant - voluntariamente, eu não utilizo a palavra Caos, mas ela pode ali assemelhar-se, efetivamente - e de acolhimento desse néant, que é, talvez, o último passo ( e eu não sei, mesmo, se há passos ).

    "É como se houvesse um ponto de passagem, um buraco da agulha...
    "Parece que há esse ponto pelo qual é preciso passar, e que é, portanto, frequentemente experimentado sob a forma de morte simbólica, essa travessia do véu que pode ser uma experiência violenta.

    "Uma das coisas que desaparece é, justamente, o Aqui e Agora porque, se o tempo desaparece e se o espaço desaparece, não há nem aqui nem agora.
    "O aqui e agora é o ponto de foco da experiência, que permite o Despertar ou a Passagem no Ser, mas se o passado e o futuro não existem, o presente não existe, tampouco.

    "Uma vez Liberado, as coisas, simplesmente, Acontecem, Aparecem, Desaparecem, o que dá uma impressão de Caos, uma vez que nenhuma razão há a encontrar para o aparecimento do que acontece."

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