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26 de out. de 2008

RAM – 26 de outubro de 2008

DO SITE AUTRES DIMENSIONS

Eu sou RAM.
Eu venho falar primeiro.
Recebam a paz.
Recebam a Unidade.

Assim, eu espero que vocês tenham apreendido a importância do silêncio, a importância da atitude interior prévia à vivência da Unidade.

Viver ou aproximar-se da Unidade é algo de profundamente transformador, que afeta a totalidade de seus modos de vida, a totalidade de seus modos de percepção, a totalidade de seus modos de respostas ao ambiente.

Vamos continuar, se efetivamente quiserem, a nos aproximarmos ainda mais desse estado de ser que eu qualificaria de completo, de inteiro e de transparente.

Tendo feito essa experiência, vocês devem doravante manifestar um grau de lucidez muito mais importante do que antes de viver isso.
Eu gostaria de propor-lhes e prescrever-lhes certo número de regras.
Essas regras são ajustes de seus comportamentos, de suas atitudes e de seus modos de funcionamento.

Tocar isso com o dedo ou com a alma implica uma noção de responsabilidade em relação a isso.
Tendo vivido isso, vocês estão aptos, doravante, para compreender e para discernir o que não decorre disso.
Tudo o que os afasta disso é contrário ao seu bem.

Em primeiro lugar, quando vocês se afastam disso, o que acontece?
Seu humor muda, seus pensamentos entrechocam-se, sua lucidez escurece, criando um sentimento de falta, criando emoções contrárias a isso.

Aproximar-se da Unidade e dela afastar-se, ainda que apenas por um instante, é voltar a mergulhar na divisão, na separação e no sofrimento.

Vocês devem aprender, e domar, a fim de superar os pensamentos, os humores, as emoções que procuram afastá-los do que vocês são.
O que vocês são não é um humor, o que vocês são não é uma emoção.

Vocês devem distanciar-se do que emerge de sua consciência que poderia afastá-los da Unidade.
Em primeiro lugar, dos pensamentos que os atravessam.
Vocês têm a impressão de que eles vêm de vocês.
Eles vêm de uma parte de vocês que não é Unidade, mas divisão.

Aquilo que vocês viveram, aproximando-se da Unidade, não pode misturar-se com o julgamento.
A transparência e a lucidez vão de par com a Unidade.

As armadilhas que fazem obstáculo a essa transparência e a essa Unidade não vêm do exterior, mas do interior, não de sua interioridade, mas, entretanto, de camadas que lhes pertencem.

A Unidade vivida, aproximada, pressentida, impõe praticar exercícios regulares diários.
Não se trata, no entanto, de uma ascese, mas de uma colocação na Luz, quando desses exercícios, do que faz obstáculo ao retorno disso.
É um momento privilegiado, momento em que as energias e a consciência reúnem-se para preceder o que vocês chamam sono.

O sono é esquecimento, para o comum.
O sono é Unidade, para o neófito.

Entretanto, nesse momento precedente ao sono encontra-se um espaço específico de colocação na transparência.
A colocação na transparência necessita extirpar de vocês os elementos e as manifestações de seu dia, contrários ao estado de Unidade.

Isso pode ser tanto uma disputa, como um ato que não vai no sentido da Divindade, como maus pensamentos.
Eu entendo por mau pensamento todo pensamento que não é voltado para a Unidade.
Trata-se, portanto, de pensamentos de divisão de vocês para com seus irmãos.

Os julgamentos precipitados, o julgamento rápido que vocês levam em oposição a situações, os julgamentos que vão mesmo propor-lhes dissociar e separar o bom grão do joio são também pensamentos que os afastam da Unidade.
Isso não é pensamento.

Vocês devem tomar por hábito expulsar de vocês o que foi vivido nas vicissitudes da vida que vocês vivem, que é uma vida separada, dividida, mantida pelo mental coletivo humano, pelos jogos do poder, os jogos do dinheiro e os jogos de relações entre os seres.

Esse momento privilegiado em que se praticará esse exercício é salutar para vocês.
Não é um momento longo, eu diria, que, em tempo humano, um quarto de hora é suficiente.

Chamem esse exercício como quiserem: exame de consciência, passagem em revista do que se escoou, entretanto, vocês têm à sua disposição um meio único de passar do sono do tolo ao sono do neófito.

A fase que vocês chamam sono é o momento privilegiado onde se constrói sua Unidade, a partir do instante em que esse momento não é poluído pelas atividades do dia.

Nesse sentido, o exercício que lhes proponho é destinado a permitir a esse estado de transparência estabelecer-se em vocês, sem esforços, porque, à noite, no momento em que sua consciência comum volta o olhar para o interior, nenhuma manifestação exterior (exceto as que vocês levam consigo no momento do adormecimento) pode vir perturbar o que acontece.

Esse exercício é, certamente, aquele que lhes permitirá, ao mais exato e ao mais próximo, aproximar-se disso.
Esse exercício é essencial.

Tentem fazê-lo, ainda que por apenas alguns dias, e vocês constatarão, de modo evidente e espetacular, as mudanças que ocorrerão em seu dia seguinte.

Os humores, as variações do humor os deixarão.
Os momentos de dúvidas, os momentos, portanto, de julgamentos entre o bem e o mal os deixarão.
Vocês terão a impressão de renascer a si mesmos, descontaminados de tudo o que os impedia de serem claros e transparentes para consigo mesmos e o mundo.

Esse exercício é, certamente, o mais eficaz, aquele que demanda menos constrangimentos para aproximarem-se da Unidade.

Em qual momento vocês viverão na Unidade?
A partir do momento em que, durante o conjunto de um de seus dias, vocês se aperceberem, na chegada da noite, que nada mais há a retirar, a limpar, e vocês se aperceberão que seu humor foi o mesmo desde o levantar do sol até seu deitar.
Naquele momento, vocês entrarão na transparência.

A transparência é humildade.
A humildade não pode julgar.
A humildade está além das capacidades de discernimento.

O exercício proposto pode parecer, à primeira vista, manter a dualidade, uma vez que, quando desse exercício, vocês rejeitam o que é mau para permitir unicamente ao que foi julgado bom invadir suas noites.
Mas a finalidade desse exercício é, obviamente, chegar a mais nada discernir.

Chegará um tempo em que toda ação de seu dia será destacada, no sentido próprio como no figurado, de qualquer reação.
Naquele momento, isso se tornará, para vocês, evidência de que nenhuma de suas ações é uma reação e que nenhuma de suas ações provoca reações.

Vocês são, assim, subtraídos, por seu estado de transparência, da lei de carma.

Agora, na vida de todos os dias, como isso se manifesta?
A primeira palavra que vem é o não julgamento.

Quaisquer que sejam os seres, quaisquer que sejam as situações, quaisquer que sejam os eventos que vocês geram ou que lhes chegam, a transparência daquele que vive na Unidade aparece como evidência.
Não há mais dúvidas.

Existem dois estados diametralmente opostos, onde a dúvida não pode mais interferir.
O primeiro caso é aquele da evidência da Luz e da Divindade.
Quando vocês entram nessa evidência, obviamente, tudo se torna evidência.

Seu oposto é a ausência total de Luz que, ela também, acompanha-se de um estado de evidência que não é sustentado pela humildade, mas pela arrogância.
Isso concerne ao que foi chamado, vulgarmente, as forças do mal ou da Sombra.

A Sombra não se importa com a Luz.
A luz que se ocupa com a Sombra não é a Luz, é apenas o reflexo da Luz.
O reflexo da Luz é criado pelo mental e não pela própria Luz.

A Luz, enquanto limita-se a um brilho, a um resplendor, não é a Luz.
A Luz é, antes de tudo, evidência que vai traduzir-se, por sua vez, em sua vida, pelo não julgamento (que não é uma vontade, mas um estado), por uma humildade, por uma bondade.

Quando vocês tocarem, ainda que apenas por algumas horas de seus dias, esse estado de evidência, nada mais será como antes, porque vocês saberão, de maneira perfeita, que, naquele momento, vocês tocaram a Essência do que vocês são.

Tendo feito uma primeira experiência, bastará, após, perseverar no caminho da evidência.

Mas atenção: quando vocês entram na evidência, quando vocês estão nela, o olhar de seus irmãos não será jamais um olhar de bondade, mas um olhar de julgamento, porque vocês escapam, quando entram na evidência, ao mundo deles e ao mundo de funcionamento deles.

Assim, não se deixem abater pela perseguição que pode atingi-los, via seus irmãos.
A Luz, como a Sombra a mais total, incomoda.

O ser humano é uma mistura de Sombra e de Luz em manifestação.
Enquanto essa mistura persiste em sua oscilação de uma à outra, tudo vai bem em suas relações sociais, seja a paz ou, efetivamente, a guerra.
Há uma lógica.

Quando vocês entram na evidência, vocês se tornam aquele que é preciso crucificar, porque escapa ao esquema habitual distorcido de funcionamento.

Assim, não se surpreendam se, aproximando-se dessa evidência, o ambiente venha agredi-los, feri-los, tocá-los e pareça querer destruí-los.
É a prova mesmo de que vocês entraram na evidência e na Unidade.

As palavras empregadas mais frequentemente por aqueles que não estão na evidência serão, obviamente, julgamentos de valor que denigrem o que vocês são, sob pretexto de ilusão, sob pretexto de discernimento, sob pretexto de que vocês estão incomodando.
Isso não deve perturbar seu estado de evidência.
Isso pode ser profundamente desestabilizador nos primeiros tempos.

Eu os advirto, portanto, não contra vocês mesmos, quando vocês se aproximam desse estado, mas contra o resto do mundo que pode, num primeiro tempo, antes que vocês passem num modo de funcionamento muito mais sincrônico e unitário, parecer agressivo, tanto através de seres desconhecidos, mas, infelizmente, o mais frequentemente, através de seres amados.

Nada é pior para um ser humano na dualidade do que ver um próximo amado ir para a Unidade, porque isso significa, para aquele que permanece na dualidade, abandono e ruptura e, no entanto, não é nada disso.

Entretanto, a transparência, o estado de evidência incomoda e perturba.

Aí está o obstáculo que vocês deverão superar entrando nessa evidência.

Eu atraio sua atenção nisso porque é o que alguns de vocês viverão nos meses que seguem.
Então, ontem, quando de minha vinda anterior, tentei conceituar e fazê-los viver em consciência isso.

Um dos governantes do Intraterra deu-lhes ferramentas para permitir-lhes aproximarem-se dessa dimensão e vivê-la, alguns de vocês.

Assim que vocês tiverem integrado (e não compreendido) o mecanismo disso, tornar-se-á cada vez mais fácil estabelecer esse estado de transparência e de evidência, quaisquer que sejam, eu os lembro, as oposições exteriores.

Vou propor-lhes, se estão de acordo, antes de dar-lhes a palavra para os questionamentos em relação a isso, graças não unicamente à minha presença, mas à presença também de uma qualidade específica elementar chamada fogo, através de um processo de radiação desse estado de evidência, ir ainda mais próximo da Essência.

Se vocês o desejam, vamos acolher, no silêncio, esse estado de evidência ligado à presença conjunta de minha presença e da presença do fogo.

Então, se efetivamente o querem, vamos, juntos, viver isso.

... Efusão de energia... 

Bem amados irmãos, vamos agora abrir um espaço de interrogações sobre o que acabo de instruí-los.

Questão: no exercício da noite, que se faz dos pensamentos que se deseja evacuar?

Contemplá-los, discerni-los, basta para fazê-los desaparecer.
Não é questão de lutar contra, de destruí-los com a Luz, o que seria apenas um processo mental.
É questão, simplesmente, que a consciência deles esteja consciente.
Isso basta.
O trabalho de extirpação desse mal far-se-á automaticamente durante sua noite.

Questão: pode-se fazer a mesma coisa progressivamente e à medida que esses pensamentos apresentam-se?

De modo algum.
Isso iria mesmo no sentido contrário, ou seja, de reforço.

Por mecanismos fisiológicos e energéticos precisos (dos quais para nada serve sobrecarregar-lhes sua cabeça), esse trabalho, esse exercício será plena e totalmente eficaz se é feito no período que eu dei.
O que quer dizer que, mesmo frente a uma raiva face a uma pessoa (verbalizada ou não), um trabalho de perdão em relação a essa pessoa ou a essa situação, efetuado mesmo imediatamente após que aquilo aconteça, reforçaria a divisão.

Questão: esse exercício pode ser feito durante o dia?

Não.
Eu efetivamente precisei o momento.

Questão: qual é o melhor meio de reagir em relação às reações eventualmente negativas do ambiente?

Sobretudo não reagir e tentar permanecer nesse estado de transparência e de evidência.
A influência positiva pode, obviamente, existir, porque o estado de transparência e de evidência, do que se instala duravelmente, tem um poder altamente transformador.

Mas a primeira reação daquele que for confrontado, em seu estado dual, a esse estado, será a oposição.
Não pode ser de outro modo, mesmo se, a posteriori (esse a posteriori podendo sobrevir rápida ou lentamente, após o evento) isso possa transformar-se, porque o estado de transparência e de evidência é um estado de Luz real que vem colocar na Luz e exacerbar os «defeitos» daquele que é dual.

Questão: o relógio biológico de cada um sendo diferente, é importante que essa fase de adormecimento seja após o cair do sol?

Esse é o elemento capital.
Quando o sol, reflexo da Luz, desaparece, vem o momento da reflexão da Luz, que é a fase lunar.
É o momento em que se pode ver, revelar e tratar o que aconteceu.

Questão: como facilitar a reminiscência dos elementos divergentes quando desse exercício?

Um simples exame superficial de seu dia pode evidenciar uma multidão de elementos não claros.
É impossível, mesmo a um nível mais grosseiro da consciência, não vislumbrar, quando desse exercício, ao menos alguns elementos duais.

Um momento, por exemplo, em que vocês não disseram o que pensam.
Um momento em que seu humor mudou, pela reação, tanto ao nível dos seres como das situações que vocês encontram.

Num primeiro tempo, vocês não têm interesse em ali passar horas porque, se vocês precisassem passar à noite o conjunto dos elementos duais que viveram, seria necessário reviver inteiramente seu dia, os momentos de Unidade estariam quase ausentes.
Basta apreciar alguns, os mais grosseiros, num primeiro tempo, e a purificação far-se-á pouco a pouco.

Questão: pode-se associar a esse exercício técnicas de respiração?

Isso me parece supérfluo e mesmo, por vezes, nefasto.

Deixem agir na confiança sua consciência noturna: isso é o mais rápido, o mais simples e o mais eficaz.

O Pranayama ou outras formas de yoga vão provocar resistências e cristalizações no corpo, em particular ao nível dos órgãos sensíveis às emoções como o fígado, o baço e os intestinos.

Questão: as técnicas de respiração que ativam o fogo interior não poderiam então fazer-se à noite?

Não.
Vocês confundem a realização da revisão de consciência, associando à respiração, às técnicas de respiração, que são totalmente independentes disso.

São vocês mesmos que associaram respiração e exercício de exame de consciência.
Eu lhes disse que isso era nefasto, porque provocaria cristalizações.
Eu não falei, agora, da respiração pela respiração.

Questão: pode-se usar cristais durante esse exercício?

Isso não incomoda.
Pode mesmo ajudá-los a reforçar, ao mesmo tempo, a transparência, a evidência e a Unidade e ajudá-los a aproximarem-se disso antes de adormecerem.

Questão: e no caso de pensamentos ou ações recorrentes, isso não arrisca cristalizar mais?

Eu efetivamente falei de eventos ocorridos no dia.
A partir do momento em que não se trata de eventos, mas, portanto, de um traço específico como, por exemplo, a mesma emoção ou o mesmo comportamento reproduzindo-se dia após dia, este não deve fazer parte do exercício.

Eu esclareço que se trata de eventos novos de seu dia.

Se, por exemplo, vocês devem enfrentar todos os dias a mesma situação, com o mesmo ser, isso significa que vocês são estúpidos, porque basta, naquele momento, deixar essa pessoa ou essa situação.

O próprio fato da reprodução da situação, da emoção ou da dualidade com uma pessoa está simplesmente aí para mostrar-lhes que, com relação a esse elemento preciso, vocês estão em contradição total com a Unidade.

Questão: como tomar uma decisão sem estar no julgamento?

Isso é impossível enquanto vocês são duais.
Isso se tornará possível a partir do momento em que os momentos de clareza, de evidência de transparência forem cada vez mais numerosos.
Não se preocupem com isso, será necessariamente evidente a um dado momento.
É o que eu chamava de uma ação privada de qualquer reação.

Questão: você falou de um estado temporário, antes que a Unidade seja vivida de maneira unitária e sincrônica. Há patamares nesse processo?

Isso é eminentemente variável segundo seu destino, eu diria, no sentido amplo.

Para alguns seres basta um momento, uma experiência unitária para ali entrar de maneira definitiva.
Para outros, será necessária uma sucessão de momentos que se acumulam e se associam uns aos outros.
Cada caso é diferente.

Questão: qual diferença você faz entre ego e arrogância?

O ego é uma pequena arrogância.
Todos os seus movimentos de dualidade, de conflitos, de reações são apenas manifestações do ego e, portanto, sujeitos à lei de ação e de reação.

Compreendam, efetivamente, que eu tento colocar palavras no que é dificilmente traduzível em palavras, porque se trata de um estado e não de uma experiência.
Mesmo que esse estado não dure, ele participa, entretanto, de um estado.
Nesse estado de ser, de evidência e de Unidade, a certeza interior acompanha-se da humildade e, sobretudo, da Luz interior.
O que não é o caso da arrogância, que é ausência de Luz.

Questão: qual diferença você faz entre um estado estável e um estado instável?

Um estado estável é um estado realizado.
Um estado instável é um estado em que vocês vão recair na dualidade.

Questão: esse estado unitário pode ser vivido na vida quotidiana?

Se não há adequação entre seu estado de transparência, de Unidade e seu quotidiano, mudem de quotidiano.
Tudo depende de sua força de alma.

Se sua transparência é obstruída pelo ambiente, ou vocês mudam de ambiente, ou vocês são suficientemente fortes para transformar o ambiente.

Mas, a partir do momento em que o ambiente é vivido como um incômodo, isso basta para fazê-los sair da transparência.

Vocês são mais fortes do que o ambiente ou não?
Vocês são capazes de manifestar essa evidência e essa transparência, quaisquer que sejam as circunstâncias exteriores, sabendo que, quaisquer que sejam as reações iniciais à sua passagem na Unidade do ambiente (humano ou não humano), isso será vivido num modo agressivo, como uma agressão?
Essa é a etapa inicial.

Agora, se esse estado de atrito dura, isso se junta a certa forma de estupidez.
Como vocês podem hesitar um milionésimo de segundo entre a evidência, a transparecia e a Unidade que vocês tocam e o mundo dual?
Isso significa que este conserva, para vocês, atrativos que vão colocá-los no sofrimento.

Quando vocês tocam esse estado, nada mais pode ser como antes.

Cabe a vocês tomar, em lucidez, em toda clareza, as decisões que se impõem.

Se vocês me respondem que não podem mudar, que as situações não podem ser mudadas, que os seres não podem ser mudados, isso significa que vocês não estiveram suficientemente longo tempo nesse estado de transparência.

Questão: esse estado de transparência provoca, portanto, a paz e a evidência nas decisões a tomar?

Sim.
Enquanto seu julgamento é perturbado, enquanto suas decisões não são claras, vocês não estão totalmente na transparência.

Vocês talvez viveram o estado, mas ele não está instalado.

Entretanto, a lembrança desse estado será sua incitação permanente para avançar.
Há, efetivamente, um antes e um depois.

Questão: pode-se imaginar um casal, ou mesmo uma família, na transparência?

Se isso existisse realmente, fosse verdadeiro, a face do mundo estaria mudada.

A relação a dois, a mais transparente e a mais autêntica que seja, comporta, necessariamente, uma parte de Sombra porque, se não houvesse essa Sombra, essa relação não teria qualquer sentido para existir.

Suas relações inter-humanas são todas sujeitas à ação/reação.
Mesmo as relações mais nobres indo ao sentido da transparência comportam uma parte de Sombra que mantém a relação.

Por que jamais se viu um grande mestre, grandes personagens transparentes, realizados, mestres ou instrutores, viver lado a lado, juntos?
Não tendo zona de Sombra neles, não pode haver relação no sentido humano, há uma relação no sentido espiritual, mas que não se importaria com um relacionamento humano.

Questão: o que é de Ma Ananda Moyi e de seu companheiro?

Seu companheiro não estava na Unidade, ele acompanhava e, para acompanhar, é preciso permanecer na dualidade.

Questão: o que é de Mãe e Sri Aurobindo?

São certamente as pessoas que mais se aproximaram dessa relação final que é a ausência de relação.
Há, nas diferentes tradições, exemplos tão fortes como aqueles que vocês chamam Mãe e Sri Aurobindo, por exemplo, São Francisco de Assis e Santa Clara, que eram o que se chamam as chamas gêmeas que tinham uma concordância de visão e de estado, mas estavam separados na realidade de suas vidas, cada um em sua casa, em si, ao mesmo tempo estando conscientes da relação espiritual e, portanto, unitária, para além do humano.

Questão: um mestre Kriya teria atingido a realização estando em casal?

Ele atingiu, mas será que sua família atingiu?
Eu jamais disse que o ser realizado deve necessariamente deixar o ser dual com quem ele vive.

O ser dual pode ser, em alguns casos, um companheiro ou uma companheira que mantém certo número de proteções e que permite, por seu sacrifício, a realização do outro.

Questão: como saber se se está frente a uma chama gêmea?

O reencontro com a chama gêmea é um abrasamento de tipo fogo ao nível da alma e do Espírito ao qual pode participar, ou não, o corpo, segundo as idades e as possibilidades de acasalamento, ou não.

O importante não é tanto a vivência, mas a revelação.

A chama gêmea está além das outras convenções, dos outros reencontros.
O reencontro da chama gêmea está ligado aos reencontros da Unidade e não aos reencontros do outro.

Vocês saberão quando estão frente a uma chama gêmea quando viverem o abrasamento do coração, para além de toda relação de vida, de toda relação de casal, de fusão ou outra.
É um reencontro, e nada mais, que este possa ou não traduzir-se por uma realidade de vida, o que é raramente o caso.

Questão: a chama gêmea está no mesmo caminho, com as mesmas afinidades?

Não há relação de chama gêmea ligada a afinidades.

O reencontro da chama gêmea é uma evidência que absolutamente nada tem a ver com caminhos, afinidades ou o que vocês chamariam coisas em comum.
É a colocação frente a si mesmo com o outro si mesmo que cria o abrasamento do coração, e é tudo.

Questão: o reconhecimento da chama gêmea é imediato?
 
Não sempre.
Pode ser para um, e completamente negado pelo outro, por medo.
Mas isso não tem importância alguma porque, quando o abrasamento ocorre, ele produzir-se-á necessariamente no outro.
Não pode ser de outro modo, mesmo se as pessoas não se revejam mais.

Questão: esse reconhecimento se faz no momento em que há reencontro físico?

Não há, necessariamente, revelação do princípio de chama gêmea.
Isso pode ocorrer a um dado momento, que pode ser bem ulterior, porque há certo número de véus e de proteções que foram colocados para evitar esses reencontros, porque induz a uma reconexão ao Espírito antes de sua divisão.
É preciso suportar o fogo e a potência que isso representa.

Questão: o que acontece se não se é capaz?

Nada.

Questão: a chama gêmea pode ser do mesmo sexo?

É claro, mas necessariamente um dos dois encarnará o pólo masculino e o outro o pólo feminino.
Eu não falo de sexualidade.

Questão: qual diferença você faz entre chama gêmea e alma irmã?

Não é uma diferença, é um mundo.

Uma alma irmã é uma alma com a qual você caminhou a um dado momento, para uma missão precisa, espiritual ou não, e com quem vocês reencontram.
Aí há, efetivamente, coisas em comum e dualidade, necessariamente.

Enquanto, na relação com a chama gêmea, não pode haver dualidade.
Pode haver oposição e separação naquele momento, mas há, entretanto, abrasamento, ao menos para um dos dois.

As almas irmãs são ligadas no plano cármico e, portanto, mantêm a dualidade.
A alma irmã, quando do reencontro, dá um sentimento, um desejo de posse, mesmo num centro exaltado e altruísta, mas isso permanecerá sempre uma posse.

Questão: reencontra-se sempre a chama gêmea na encarnação?

Absolutamente não.
É um processo extremamente recente, que é possível apenas em final de ciclo, bem após, obviamente, a criação dessas duas chamas gêmeas.
Mas isso não é absolutamente obrigatório.
Eu diria mesmo que é um processo extremamente raro, porque ele induz a tais choques que, geralmente, um ou os dois seres não podem encaixar-se.

Questão: o exercício de exame de consciência se junta à noção de abertura de coração?

É profunda e diretamente religado.

Não temos mais perguntas. Agradecemos.

Então, bem amados irmãos, eu lhes proponho, ainda uma vez, viver o silêncio e aproximarmo-nos juntos disso.

... Efusão de energia... 

Sejam abençoados.
Recebam minha gratidão.
Eu lhes digo até breve.

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Versão do francês: Célia G. http://leiturasdaluz.blogspot.com/

Um comentário:

  1. Nesta MSG, os sempre famosos assuntos de exame de consciência e alma gêmea, são tratados em novos e elevados patamares. Além disso, foi abordado sobre o que seja Chama Gêmea, algo de todo inusitado nos tempos de outrora, mas possível de acontecer nestes tempos de final de ciclo. Transparência versus dualidade, também se encontram magnificamente expostos, com toda competência do Mestre Ram.

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