Alguém já parou pra pensar sobre o que está acontecendo no planeta?
Terremotos, tsunamis, vulcões em erupção, mudanças no clima, tempestades, nevascas, secas...
Com todos esses eventos geoclimáticos, a Terra está sofrendo grandes alterações, isso é inegável. Muitas vidas estão sendo interrompidas, não só humanas.
Por outro lado, muitas vidas estão também se modificando em virtude desses acontecimentos: algumas que perdem os bens materiais, amigos e parentes queridos, e de repente, se vêem sozinhos e precisam encontrar forças para recomeçar; outros, embora não tenham sofrido grandes perdas materiais ou afetivas, se envolvem com o sofrimento daqueles que perderam, e se desdobram na tentativa de prestar algum socorro.
Mas não é só a Terra que passa por tantas transformações, e sabemos disso.
Nós também, individual e coletivamente, estamos passando pelos mesmos processos. Terremotos, tsunamis, vulcões, calores, frios, choros, risos, vazio, dores, perdas... tudo acontecendo dentro de nós, e em nosso ambiente de relacionamentos, tal como está acontecendo na superfície terrestre.
Só que existe uma diferença: o que acontece no planeta, é concreto, visível, material, o que ocorre em nós é subjetivo e, muito embora seja também visível, concreto e material, geralmente não nos conscientizamos desse processo, não identificamos as raízes, não vemos os estragos e, portanto, não providenciamos as restaurações.
Então, nos deixamos levar pela dor, pelo sofrimento, pela tristeza, nos perdemos nos imensos vazios, e, sem conseguir explicar tudo isso, e tendo até uma sensação de impotência, de incapacidade, tendemos a nos isolar, para que os outros não percebam essas fragilidades em nós.
E não conseguimos visualizar, identificar e resolver essas questões que surgem, e estão surgindo cada vez com maior frequência e em maior intensidade, porque não fomos educados para olhar pra dentro de nós, não nos ensinaram a nos conhecer, a conhecer nossos desejos, nossos anseios, nossas habilidades, nossa vocação.
Nossa educação foi sempre baseada na perspectiva do outro, sempre buscando uma forma de sermos bem vistos perante os familiares, os vizinhos, a sociedade de maneira geral, e nunca naquilo que realmente seria (e é) nossa real e verdadeira maneira de ser, de agir e de viver.
Dessa forma, nem mesmo nos conhecemos, não temos condições de nos analisar, de verificar nossas qualidades e, principalmente, nossos defeitos e, consequentemente, quando nos vemos em situações desagradáveis e constrangedoras, não sabemos ir lá pra dentro de nós para encontrar a raiz daquele acontecimento.
A tendência, nesse caso, é sempre buscar “raízes” ou “culpados” por aquilo fora de nós. Porque tudo em nossas vidas, infelizmente, foi sempre voltado para o exterior, que é nossa referência.
E assim, vamos vivendo esse teatro, cada um desempenhando um papel diferente, de acordo com o ambiente em que se encontra. Portanto, cada um de nós, além de não se mostrar como verdadeiramente é, assume um papel diferente em cada situação: é um em casa, com os familiares; é outro no barzinho ou em uma festa, com os amigos; outro no trabalho, e assim vai, até que se perca totalmente a verdadeira identidade.
Além disso, sempre a competitividade, a crença de ter que ser o melhor, de superar os demais, de estar em evidência, de querer apenas receber elogios e recompensas. E sempre se desdobrando para agradar a “platéia”, e não a si mesmo.
Essas atitudes, essas crenças que nos foram impostas, e que aceitamos, por tratar-se do comum, do “normal”, nos afastam de nossa essência e nos impedem uma real conscientização do que somos e das razões pelas quais estamos passando por algum tipo de constrangimento físico, afetivo ou social.
E essas crenças estão tão fortemente incrustadas que não as vemos como tal, o que prejudica ainda mais o autoconhecimento.
Como já falei em outro artigo (estamos sós?), não raro nos é colocado um “espelho” à frente, para que nos seja possível enxergar aquilo que nos atrapalha, nos bloqueia, mas, geralmente, quando isso acontece, nossa única reação é a de apontar o dedo para aquilo que nos incomoda naquela pessoa, naquele “espelho”, sem, entretanto, termos o trabalho ou a iniciativa de primeiro nos olharmos, lá dentro de nós, para ver onde aquilo está em nós, e ainda não vimos.
Então, agora, com tudo isso que está acontecendo, nesses períodos de desconstrução (como chama o Arcanjo Miguel), ainda não aprendemos o suficiente o caminho para nos dirigirmos a nosso Templo Interior, ainda não nos colocamos frente à nossa Criança Interior, ainda não temos a capacidade de efetivamente observar os fenômenos que estão ocorrendo em nós, para que, de maneira eficiente, consigamos restaurar o que pode ser restaurado, jogar fora o que deve ser jogado, queimar o que deve ser queimado, e colocar no lugar o que é útil e necessário para uma vida verdadeira, saudável e feliz.
Ontem tive uma experiência muito significativa, durante conversa com um querido amigo. Senti a manifestação de minha criança interior, de forma muito intensa.
E ela estava aos prantos, inconsolável. E eu imaginava já tê-la satisfeito em todos os seus desejos!
Sua queixa foi a de que eu deveria ser verdadeira, que deveria expor meus sentimentos abertamente, sem esconder nada, sem temer a reação daquele a quem estivesse expressando essa verdade.
Parece simples, não é? E, sinceramente, eu não pensava que não fosse verdadeira e que estivesse me escondendo dessa verdade.
Entretanto, ao refletir sobre essa queixa de minha criança interior, de coração aberto e com a vontade de quebrar todos os bloqueios, percebi que, embora não tivesse o hábito de mentir, tenho, sim, o hábito de medir as palavras; tenho, sim, o hábito de omitir a manifestação de certos sentimentos, e não quero aqui dizer sentimentos ditos negativos, pois estes, se surgem, normalmente elimino de minha vida, como quem os causou.
Você já sentiu por alguém algo que te invade o coração? E o que você fez? Foi fácil expressá-lo com todas as palavras e com toda a intensidade desse sentimento? Como você se sente diante dessa pessoa? Você consegue se manter livre, leve e solto? Ou você se policia para não demonstrar aquela verdade que, para você, em suas crença, pode desencadear rejeição e ruptura da relação? Ou você se tranca em posição de defesa?
Pois é! Mesmo diante de um sentimento tão intenso, de carinho, de amor incondicional, de companheirismo, não é tão comum a pessoa se mostrar verdadeiramente.
Claro que não estou falando aqui do “eu te amo” que se ouve a todo momento nas novelas, nos filmes, e mesmo nas relações superficiais de todos os lugares e de todos os tempos, porque nessas situações, certamente não existe esse sentimento verdadeiro que ultrapassa e supera qualquer obstáculo, que sobrevive mesmo na distância.
E esse “eu te amo” é muito fácil de ser dito, como mais fácil ainda é esquecê-lo, porque, na verdade, não existe. Não passa de uma excitação temporária que se esvai em pouco tempo ou diante da primeira dificuldade, por mais simples que seja.
Agora, voltando para a criança interior, você acha fácil dizer sinceramente que a ama incondicionalmente? Ou você, ao se olhar no espelho, começa a visualizar o que não gosta em seu corpo? Ou você começa a procurar modos de mascarar os “defeitos”? Ou você começa a fazer comparação com os padrões impostos pela mídia?
Você consegue se olhar verdadeiramente?
Aceitar-se verdadeiramente?
Amar-se verdadeiramente?
Para isso, antes de tudo, precisamos parar de viver os personagens que inventamos para nosso exterior. Precisamos começar a nos conhecer, começar a nos entender, manter um relacionamento sincero e harmonioso com aquela criança interior, tão sábia e tão nossa amiga. Nossa primeira grande amiga que, infelizmente, deixamos sempre de lado.
Já fomos orientados pelas Entidades de Luz que é indispensável voltarmos a ser crianças, para podermos efetivamente alcançar todas as bênçãos da evolução espiritual.
E hoje, agora, esse “voltar a ser criança” tomou um novo sentido. O contato e o relacionamento com a criança interior vai tornar muito simples esse retorno. Até porque, ainda dentro da dualidade que nos faz mudar de personagem de acordo com o ambiente, sempre nos infantilizamos quando estamos numa roda de crianças, não é mesmo?
Então, tiremos proveito dessa facilidade de “montar personagens”, vamos sentar no chão e começar a conversar com essa criança interior, com sinceridade, de coração aberto, com verdade. Vamos ouvir o que ela tem a nos dizer, a nos ensinar.
Uma criança não tem medo de falar o que sente e o que quer.
Uma criança sabe como é ser feliz.
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Célia G. - http://leiturasdaluz.blogspot.com
Pois é minha amiga; ótimo texto para refletirmos um pouco mais sobre nós mesmos. Nossa criança é verdadeira, e neste clima infantil+verdades encontramos boa parte nossa esmagada pelo tempo. Por isto Jesus em sua soberania, pediu nos igualarmos a elas. Não percamos mais tempo. Beijos selma
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